Trajano Bueno Velloso, ubatubano da gema e do Centro, nascido em 22-05-1914, servidor público estadual lotado no cargo de auxiliar de laboratório do Posto de Saúde de Ubatuba, depois fiscal sanitário, em 1938 foi para a cidade de São José dos Campos como estagiário de enfermagem, estatístico e técnico de laboratório na Santa Casa daquela cidade, durante seis meses, retornando em fins de 1938. Já qualificado, assumiu o cargo de enfermeiro chefe do Posto de Saúde de Ubatuba. Não tinha cargo de chefia por portaria e nem se constrangia por esse motivo, mas por ser líder nato e enfermeiro por convicção, o Posto de Saúde naquela época girava em torno dele.
Os médicos quando eram transferidos para cá, Seu Trajano era o primeiro contato, automaticamente se tornava seu assistente colocando o médico a par da situação do Posto de Saúde. Através de seu mapa estatístico saiam em diligências pelos bairros da cidade. Era assim que funcionava naquela época. Sua integridade moral e profissional, dentro e fora do trabalho, era exemplar, juntamente com a sua dedicação extrema pela profissão, transmitia tranqüilidade e segurança para os colegas e especialmente aos médicos recém chegados, era o principal ponto de apoio.
Era Seu Trajano, de porte físico privilegiado, apesar do seu temperamento explosivo, ao mesmo tempo era brincalhão e muito querido pela população. No meio feminino, era considerado um Clark Gable. Além de funcionário público, tinha outras atividades: ao retornar do exército, em meados de 1934, abriu um pequeno comércio (uma venda) na praia do Ubatumirim e, após o nascimento do primeiro filho, em 1936, no final do ano mudou-se para a cidade. Em 23/03/1938 tornou-se servidor público estadual. Por volta de 1947 passou a administrar o Sítio Praia Grande, de propriedade de seu pai, o coletor federal Francisco de Paula Velloso, em virtude de ter sido transferido para a Coletoria de Rendas Federais em Caraguatatuba.
Seu Trajano era proprietário da fazenda Pico do Frade, antiga fazenda de café com 200 alqueires, mais conhecida como Sítio do Matheus. A fazenda ainda se encontra em domínio e posse da família. Lá, moravam três famílias de colonos: Antonio Brás, Zé Theodoro, pai do artesão “Bigode”, e a família Póca. Exploravam culturas variadas, com predominância no cultivo da banana. Em 1951, era representante do Café Lourenço, dos jornais O Tempo, Última Hora, O Estado de São Paulo e das revistas O Cruzeiro, gibis e outras. A revista policial X-9 era a campeã de vendas, vinha lacrada e a venda era proibida a menores de 18 anos. O ponto de vendas era na própria residência, na rua Jordão Homem da Costa (antiga Rua São Salvador) nº 292, hoje 329. A molecada saia vendendo pelas ruas da cidade, inclusive os seus filhos. Oswaldo Medeiros, apelidado de “Gostosura”, dentre os moleques que vendiam os jornais, era o campeão de vendas, era mais liso do que “bagre”. Tinha também o Aníbal, esse... não tinha boca para nada. O Gostosura e o Aníbal estão bem vivos, e residem na cidade. Após o falecimento do Seu Trajano em 1954, a viúva encerrou as atividades.
[Clique aqui para acessar a listagem dos textos (já publicados) da série Construindo o passado IV - Anjos da saúde.]
Nota do Editor: Francisco Velloso Neto, é nativo de Ubatuba. E, seus ancestrais datam desde a fundação da cidade. Publicado no Almanak da Provícia de São Paulo para o ano de 1873. Envie e-mail parathecaliforniakid61@hotmail.com.
FONTE :http://www.ubaweb.com/revista/g_mascara.php?grc=37177
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