Brincadeira de mau gosto Em 1964 o médico do Posto de Saúde, Dr. Arthur De Lucca, determinou ao fiscal sanitário João Bordini do Amaral, para fazer a vistoria no bar Elite, de propriedade do português Sr. Lopes, localizado no prédio São Charbel, esquina da avenida Dona Maria Alves (antiga rua do Comércio) com a rua Coronel Domiciano (antiga rua Esperança), para a expedição do Habite-se. Lá chegando ele constatou que ainda estava em reforma, fez novas exigências e devolveu o processo ao médico dizendo: - O português não está cumprindo as exigências sanitárias na risca. Assim, eu vou negar o Habite-se! - O homem é boa gente, Seu Bordini. - Ele tá pensando que Ubatuba é o quê? Se ele não cumprir na risca, o Habite-se não sai. Quinze dias depois, o médico chamou os outros funcionários e disse que iria fazer uma brincadeira com o fiscal Bordini. Ia colocar uma nota de 5 cruzeiros dentro do processo, grampeada na folha de despacho, e mandar ele fazer a vistoria novamente. - Não faça isso, doutor, ele vai quebrar o pau lá e aqui no posto também. - Eu já avisei o Lopes da brincadeira e, não vou estar aqui mesmo, estarei na Maranduba e só voltarei amanhã, até lá o Bordini já se acalmou! E assim foi feito. João Bordini chegou cedo para bater o ponto, o colega Joanito entregou-lhe o processo e deu o recado do médico. - O Dr. De Lucca disse que está tudo certo. - Eu vou lá já. Pegou a bicicleta e se mandou. - Sr. Lopes, vim fazer a nova vistoria. - Está tudo certo, Seu Bordini, o Dr. De Lucca não lhe falou? Abra o processo! Ao abrir, encontrou a nota de cinco cruzeiros grampeada na página em que iria despachar. - O que, seu português... zxvwppt! Está pensando que eu sou corrupto? - Mas quando o juntou pelo colarinho, os pedreiros ali presentes impediram o corpo a corpo. Bordini pegou a bicicleta e saiu voando. No dia seguinte esperou o médico na porta da sala e assim que ele chegou barrou a sua entrada exibindo o processo com a nota de cinco cruzeiros grampeada na folha de despacho. - Explique-se, doutor!? Se é que tem explicações! - João, isso foi uma brincadeira minha, os seus colegas e o Sr. Lopes estavam sabendo. - O senhor chama isso de brincadeira? A partir de hoje eu não faço mais vistoria para expedição de Habite-se. Eu vou para casa pois hoje não tenho condições psicológicas para trabalhar aqui. - E foi embora a pé, João Bordini do Amaral, o implacável fiscal sanitário do Posto de Saúde de Ubatuba. * João Serpa Filho (Fifo), ubatubano da gema e do Centro, era servidor público estadual lotado no cargo de fiscal sanitário do Posto de Saúde de Ubatuba, sendo designado a serviços internos na enfermaria. Apaixonado pela pesca artesanal (arrastão de praia), tinha um rancho em frente ao aeroporto, herança de seu pai, pescador de profissão, onde guardava as canoas e seus apetrechos para pesca. Fifo era compadre do Seu Trajano. [Clique aqui para acessar a listagem dos textos (já publicados) da série Construindo o passado IV - Anjos da saúde.] Nota do Editor: Francisco Velloso Neto, é nativo de Ubatuba. E, seus ancestrais datam desde a fundação da cidade. Publicado no Almanak da Provícia de São Paulo para o ano de 1873. Envie e-mail parathecaliforniakid61@hotmail.com. fonte : WWW.UBAWEB.COM |
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
1964............Construindo o passado IV - Anjos da saúde
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