domingo, 25 de setembro de 2011

LÁ VEM ESTÓRIA OU HISTÓRIA.......Fazenda Jundiaquara



Fazenda Jundiaquara

José Ronaldo dos Santos 

O morro pouco perceptível na foto, devido a mata fechada, é o da 


Jundiaquara, que, segundo Sebastião, o “Velho Rita” do Acarau, quer dizer 


“toca de peixe”. Está entre o bairro da Estufa e a praia Grande. Em cima deste 


promontório, já tomado pela natureza estão as ruínas da fazenda, cujo último 


dono foi Robillard de Marigny. Ainda de acordo com o “Velho Rita!”, “foi a 


primeira fazenda a comprar um engenho moderno, trazido direto da Inglaterra. 











A peça era grande demais e foi conduzida pelo rio Acarau numa barcaça, 


puxado das margens por escravos. Naquele tempo o morro todo era plantado, 


alcançava o sertão da Sesmaria. Depois que a fazenda se arruinou, o engenho 


foi vendido para a fazenda do Mato Dentro”. 

O finado Chico Raé, que eu conheci muito bem depois que retornou de Santos, 


dizia que era descendente de suíços trazidos para trabalhar na Fazenda 


Jundiaquara, no tempo de D.Pedro II. Acho que era mesmo! Afinal, não me 


lembro de nenhum outro caiçara que tivesse um porte tão aristocrático como o 


Chico. 

Segundo muitos testemunhos, o lugar é mal-assombrado e trás marcas de 


outros tempos, quando a agricultura atraiu os europeus para o primeiro 


empreendimento que o nosso chão caiçara conheceu. João de Souza, o caiçara 


do pé rachado, dizia que “até correntes de escravos ainda é possível encontrar 


fixadas em diversos pontos dali”. São provas de um tempo ainda anterior ao 


tempo dos parentes do Raé. 

Ainda de acordo com Chico Raé, o caiçara aristocrático,  os seus antigos foram 


trazidos para formar uma colônia no Brasil. Imagine uma colônia suíça na 


Jundiaquara! Chique, né? Porém, eles não estavam acostumados a serem 


tratados como servos medievais, por um fazendeiro de pouca cultura erudita e 


sem muita educação. Rebelaram-se, foram ficando desleixados, entraram no 


ritmo dos caiçaras que só tinham o tempo como patrão. Alguns retornaram às 


suas origens porque o consulado suíço ofereceu essa alternativa; muitos 


outros se acaiçararam. Dá para imaginar o resto. 
 
“Um fazendeiro desolado, sem mão-de-obra. Isso tudo ajuda entender porque 


aquele lugar é mal-assombrado!”. Deste modo exclamava João de Souza. E 


lascava causos daquele lugar, desde “a toca de ouro da ariranha” até “o 


ingazeiro que chorava”. 

É por esse e outros motivos que eu creio que a municipalidade pode investir 


em turismo cultural.


FONTE :http://ubatubavibora.blogspot.com/2011/09/ubatuba-em-foco_25.html



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