O
feiticeiro na mitologia Tupinambá era um
membro da tribo dotado de poderes mágicos adquiridos por
“inspiração”. Pessoas de experiência que sabiam dos ritos
praticados em favor do destino do grupo. A arte da feitiçaria,
portanto, consistia no domínio do conhecimento e poucos conseguiam a
perfeição. Para ser um feiticeiro de nome entre os Tupinambá havia
que se submeter a provas de talento, onde por meio de passes de
mágica o candidato devia sarar doentes e fazer profecias
comprováveis. O feiticeiro presidia as cerimônias religiosas e as
danças, considerado, em última instância, pelos missionários como
santidade ou o homem sagrado.
Os
pays ou pajés exerciam seu oficio de modo itinerante, nas regiões
ocupadas pela tribo de sua raça. Inspiravam poder, receio e até
divinização. Eram recebidos nas aldeias com grandes honras:
cânticos, danças, cauim e até os habitantes chagavam a limpar o
caminho por onde esses mediadores passavam. O terror que inspiravam
esses feiticeiros permitia aos mesmos ter tudo o que desejavam, sua
autoridade era incontestável1.
Entre
as principais atribuições dos pajés estavam: o predizer a
fertilidade e estiagem dos anos; o resultado de qualquer empresa
individual ou coletiva; agir sobre os fenômenos naturais e, provocar
doença ou morte naqueles que merecessem tais castigos. O poder da
feitiçaria estava baseado nas relações dos pajés com os
espíritos.
O
feiticeiro Tupinambá tinha entre outras funções ouvir as mulheres,
moças, casadas ou
solteiras em confissão, atividade desenvolvida com muita freqüência,
mas não se sabe qual era o propósito deste costume, afirma Métraux.
Era aplicada uma absolução apesar de que não se guardava segredo
deste ato de intimidade, talvez esse ato estivesse relacionado com as
proscrições referentes à vida sexual na tribo. Outro costume, no
qual os feiticeiros também participavam ativamente, era nas
purificações públicas com a aspersão de água ou no encher de
grandes potes de barro proferindo palavras na superfície destes e
soprando dentre deles com fumo.
1
Etimologicamente a palavra pajé significa aquele que diz o fim, o
profeta da aldeia. A passagem de pajé para caraíba era por meio do
reconhecimento social da tribo, uma espécie de santidade adquirida
por virtudes manifestas em atos. O caraíba uma vez em posse deste
título: pajé – açú gozava deste privilégio de ser considerado
um descendente direto dos heróis civilizadores. Toda caraíba era
pajé, mas nem todo pajé era caraíba.
DO LIVRO " UBATUBA, ESPAÇO, MEMORIA E CULTURA"...
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