sexta-feira, 1 de julho de 2011

UM POUCO SOBRE A HISTÓRIA DA RODOVIA " BAR 101" OU " RIO-SANTOS"


O desenvolvimento do turismo em Ubatuba previa a necessidade de melhorar os meios de acesso. As estradas sempre foram as vias mais comuns e mais utilizados pelos visitantes e turistas. Hoje, o fenômeno do turismo explora todos os recursos possíveis para oferecer ao turista, condições de transportes e segurança necessária. Mas, ainda assim, o que traz o maior fluxo de movimento à cidade são as rodovias.

Com a passagem da estrada, a rodovia BR-101 – Rio/Santos, por Ubatuba nos anos 70, esta trouxe de vez, a garantia de afirmação de seu potencial na exploração do turismo, mas junto veio o risco da exploração desorganizada, da invasão desenfreada, da massificação urbana. A exploração desordenada, a especulação imobiliária advinda junto com a BR-101, deixou marcas importantes na configuração da cidade.


A construção da rodovia BR-101, uma obra concluída só no ano de 1975, foi considerada prioritária pelo governo da época e assim deu condições para o desenvolvimento do turismo em toda a região do litoral norte. Em entrevista com Said Barhouch Filho, pudemos obter valiosas informações sobre a construção desta estrada na qual o engenheiro civil, responsável pela a DNIT – Departamento Nacional de Infra Estrutura e Transportes (antiga DNER), participou em Ubatuba.

Hoje, esta rodovia tão importante para o Brasil e, principalmente para o município de Ubatuba, no que se refere ao desenvolvimento do turismo local e regional, denomina-se “Rodovia Governador Mário Covas”, estendendo-se desde o Estado do Piauí até o Rio Grande do Sul, em um prolongamento da estrada Federal que acompanha o litoral brasileiro. Também, costuma ser chamada de Rio – Santos, exatamente porque no final do século XX, as obras foram feitas com o intuito de interligar muitos trechos isolados, concretizando a ligação de 505 quilômetros entre os Estados do Rio de Janeiro e São Paulo. A Rio – Santos se tornou uma das quatro principais formas de acesso viário até a Baixada Santista, ligando as rodovias como a de Piaçaguera – Guarujá e a Padre Manuel da Nóbrega, trechos da rodovia paulista que percorre as cidades do litoral norte, cuja sigla é “SP-55”.

A rodovia Rio – Santos é um elo econômico, um verdadeiro cartão postal que permite aos turistas percorrer e apreciar durante o trajeto, as paisagens consideradas uma das mais bonitas do mundo. Começando no Estado do Rio de Janeiro, com início em Itacuruçú, passando por Mangaratiba, Angra dos Reis, Parati; e, já no Estado de São Paulo, cortando o município de Ubatuba com as paisagens das lindas praias; passando ainda por Caraguatatuba, São Sebastião, com acesso a Ilha Bela, Bertioga, Guarujá. Um trajeto cheio de sinuosas curvas, caminhos que levam as praias paradisíacas, cenários maravilhosos em lugarejos com rica história caiçara, natureza exuberante a todo instante. Uma viagem que encanta a turistas, visitantes e aventureiros por todos seus 457 km desta rodovia que liga dois grandes pólos econômicos importantes do país1.

Said Barhouch Filho conta que a rodovia BR-101, trecho que compreende a cidade de Ubatuba, teve o início de suas obras por volta do ano de 1972, ano que ele veio à Ubatuba, mais especificamente no dia 16 de Março, para auxiliar o engenheiro responsável Abid Elias Cadah, ficando no município definitivamente. Há 33 anos em Ubatuba é responsável hoje pela manutenção e cuidados da estrada nos trechos de Ubatuba, ao longo da rodovia BR 101.

A extensão da estrada dentro do perímetro urbano do município de Ubatuba, das divisas entre Caraguatatuba – SP e Parati – RJ, tem um percurso de 83.260 kms. A suas obras foram divididas em duas etapas, sendo a primeira compreendida desde o Rio da Praia da Fazenda até o Rio Grande próximo ao Trevo, saída para Taubaté. A segunda etapa compreendia do Rio Grande – Trevo - até o Trevo da Praia Grande. Vale lembrar que o trecho da rodovia entre Ubatuba e Caraguatatuba já existia, e para concluir a ligação entre as duas grandes capitais portuárias do país, Rio e Santos, foi necessário utilizar trechos da rodovia paulista, hoje SP 055, que percorre as cidades do litoral norte.

A primeira base em que funcionavam as instalações do DNER, o seu escritório montados em madeira, localizava-se onde hoje funciona a atual sede da Prefeitura Municipal, construída pela mesma. Eram muitas as frentes de serviços, equipes em trechos diferentes no trajeto da estrada como no trecho do Rio Grande - Trevo, no Itamambuca onde havia o acampamento da Construtora mantida pelo DNER e no trecho do Rio da Praia da Fazenda. Enquanto uma equipe desbravava matas fechadas, desmatando, outra se dedicava aos destroncamentos e encravamentos de estacas metálicas para construção de pontes. Eram vários os trabalhadores braçais, uma média de mais de 500 homens, todos vindos dos Estados de Minas e da Bahia2.

As dificuldades eram muitas, pois, o lado norte do município não possuía nenhum caminho por simples que fosse. A estrada da Casanga era um caminho que possibilitava o acesso até o acampamento no Itamambuca, mas de difícil percurso. As muitas máquinas de terraplanagem eram transportadas por “chatas”, tipos de balsas que pelo mar seguiam até as praias da Fazenda e Ubatumirim. Os serviços eram 24 horas, todos os dias e com dois turnos e que durante a noite costumava-se escutar os barulhos das máquinas trabalhando do centro da cidade.

De acordo com Barhouch, o trecho da estrada sob sua responsabilidade da obra finalizada era até a região do Rio da Praia da Fazenda, terminado o trecho paulista. Até ali viria de encontro com a abertura da estrada, obra do trecho que vinha do Estado do Rio de Janeiro. O percurso da estrada cortando o município de Ubatuba passava por algumas fazendas de café, grandes áreas que foram desapropriadas pela Procuradoria Jurídica Federal. Muitos loteamentos, como o Mato Dentro, o Jardim Carolina e da Estufa (dividida em Estufa I e II), tiveram os imóveis, terrenos com casas próximo ao centro da cidade, cortados pela rodovia.

Hoje a manutenção da estrada é feita por equipes terceirizadas, contratadas por empreiteiras sob a responsabilidade da DNIT com sede à Rodovia BR-101, a altura do km 49, juntamente do o Departamento de Polícia Rodoviária Federal. Said Barhouch Filho é o engenheiro responsável desde o ano de 1974, sendo este departamento pertencente à Regional de Taubaté, sob a responsabilidade do engenheiro Nilson Franco Martins, e ao Estado de São Paulo do 8º UNIT3.
1 Segundo o site http://estradas.com.br/histrod_riosantos.htm , a Rodovia Rio – Santos foi entregue em três etapas, nos anos de 1973, 1974 e finalizando em 1975, e que sem uma inauguração oficial, esta rodovia atendia a três objetivos principais: 1) unir dois importantes pólos econômicos, em opção lógica e muito vantajosa, seguindo a Serra do Mar; 2) podendo servir de meio de fuga no caso de problemas graves na Usina Nuclear para os moradores na região de Angra dos Reis; 3) exibir os encantos da exuberante natureza da região ao turismo, com suas mais de mil praias, ilhas, cachoeiras além de suas matas e montanhas.
2 Foi nesta época da construção da rodovia BR-101, que aconteceu a maior migração de mineiros e alguns baianos para o município de Ubatuba. Naquele momento da história nacional, o desemprego era grande e estas pessoas, homens ansiosos por trabalho e assim sustentar suas famílias, largaram suas cidades natais, em direção ao litoral paulista. Segundo o senhor Barhouch as pessoas em Ubatuba não se habituaram ao esquema de trabalho da empreitada nas obras da rodovia, forçando a contratação destes mineiros e baianos. Razão que justifica hoje a boa parcela destes imigrantes, fazendo parte dos habitantes de Ubatuba.
3 O texto sobre a BR-101 – Rio – Santo foram de informações colhidas em entrevista realizada em 31/05/2005 com o senhor Barhouch, no DNIT em Ubatuba e de pesquisa realizada no site http://estradas.com.br/histrod_riosantos.htm, em 24-05-2005.

Curiosidades sobre a construção da Rodovia BR 101 ( Rio-Santos)


Segundo o site http://estradas.com.br/histrod_riosantos.htm , a Rodovia Rio – Santos foi entregue em três etapas, nos anos de 1973, 1974 e finalizando em 1975, e que sem uma inauguração oficial, esta rodovia atendia a três objetivos principais: 1) unir dois importantes pólos econômicos, em opção lógica e muito vantajosa, seguindo a Serra do Mar; 2) podendo servir de meio de fuga no caso de problemas graves na Usina Nuclear para os moradores na região de Angra dos Reis; 3) exibir os encantos da exuberante natureza da região ao turismo, com suas mais de mil praias, ilhas, cachoeiras além de suas matas e montanhas.



Foi nesta época da construção da rodovia BR-101, que aconteceu a maior migração de mineiros e alguns baianos para o município de Ubatuba. Naquele momento da história nacional, o desemprego era grande e estas pessoas, homens ansiosos por trabalho e assim sustentar suas famílias, largaram suas cidades natais, em direção ao litoral paulista. Segundo o senhor Barhouch as pessoas em Ubatuba não se habituaram ao esquema de trabalho da empreitada nas obras da rodovia, forçando a contratação destes mineiros e baianos. Razão que justifica hoje a boa parcela destes imigrantes, fazendo parte dos habitantes de Ubatuba. 




DO   LIVRO...............UBATUBA , ESPAÇO , MEMÓRIA E CULTURA - EDITADO EM 2005 - AUTORES
JORGE OTAVIO FONSECA   E  JUAN DROUGUETT

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