O
desenvolvimento do turismo em Ubatuba previa a necessidade de
melhorar os meios de acesso. As estradas sempre foram as vias mais
comuns e mais utilizados pelos visitantes e turistas. Hoje, o
fenômeno do turismo explora todos os recursos possíveis para
oferecer ao turista, condições de transportes e segurança
necessária. Mas, ainda assim, o que traz o maior fluxo de movimento
à cidade são as rodovias.
Com
a passagem da estrada, a rodovia BR-101 – Rio/Santos, por Ubatuba
nos anos 70, esta trouxe de vez, a garantia de afirmação de seu
potencial na exploração do turismo, mas junto veio o risco da
exploração desorganizada, da invasão desenfreada, da massificação
urbana. A exploração desordenada, a especulação imobiliária
advinda junto com a BR-101, deixou marcas importantes na configuração
da cidade.
A
construção da rodovia BR-101, uma obra concluída só no ano de
1975, foi considerada prioritária pelo governo da época e assim deu
condições para o desenvolvimento do turismo em toda a região do
litoral norte. Em entrevista com Said Barhouch Filho, pudemos obter
valiosas informações sobre a construção desta estrada na qual o
engenheiro civil, responsável pela a DNIT – Departamento Nacional
de Infra Estrutura e Transportes (antiga DNER), participou em
Ubatuba.
Hoje,
esta rodovia tão importante para o Brasil e, principalmente para o
município de Ubatuba, no que se refere ao desenvolvimento do turismo
local e regional, denomina-se “Rodovia Governador Mário Covas”,
estendendo-se desde o Estado do Piauí até o Rio Grande do Sul, em
um prolongamento da estrada Federal que acompanha o litoral
brasileiro. Também, costuma ser chamada de Rio – Santos,
exatamente porque no final do século XX, as obras foram feitas com o
intuito de interligar muitos trechos isolados, concretizando a
ligação de 505 quilômetros entre os Estados do Rio de Janeiro e
São Paulo. A Rio – Santos se tornou uma das quatro principais
formas de acesso viário até a Baixada Santista, ligando as rodovias
como a de Piaçaguera – Guarujá e a Padre Manuel da Nóbrega,
trechos da rodovia paulista que percorre as cidades do litoral norte,
cuja sigla é “SP-55”.
A
rodovia Rio – Santos é um elo econômico, um verdadeiro cartão
postal que permite aos turistas percorrer e apreciar durante o
trajeto, as paisagens consideradas uma das mais bonitas do mundo.
Começando no Estado do Rio de Janeiro, com início em Itacuruçú,
passando por Mangaratiba, Angra dos Reis, Parati; e, já no Estado de
São Paulo, cortando o município de Ubatuba com as paisagens das
lindas praias; passando ainda por Caraguatatuba, São Sebastião, com
acesso a Ilha Bela, Bertioga, Guarujá. Um trajeto cheio de sinuosas
curvas, caminhos que levam as praias paradisíacas, cenários
maravilhosos em lugarejos com rica história caiçara, natureza
exuberante a todo instante. Uma viagem que encanta a turistas,
visitantes e aventureiros por todos seus 457 km desta rodovia que
liga dois grandes pólos econômicos importantes do país1.
Said
Barhouch Filho conta que a rodovia BR-101, trecho que compreende a
cidade de Ubatuba, teve o início de suas obras por volta do ano de
1972, ano que ele veio à Ubatuba, mais especificamente no dia 16 de
Março, para auxiliar o engenheiro responsável Abid Elias Cadah,
ficando no município definitivamente. Há 33 anos em Ubatuba é
responsável hoje pela manutenção e cuidados da estrada nos trechos
de Ubatuba, ao longo da rodovia BR 101.
A
extensão da estrada dentro do perímetro urbano do município de
Ubatuba, das divisas entre Caraguatatuba – SP e Parati – RJ, tem
um percurso de 83.260 kms. A suas obras foram divididas em duas
etapas, sendo a primeira compreendida desde o Rio da Praia da Fazenda
até o Rio Grande próximo ao Trevo, saída para Taubaté. A segunda
etapa compreendia do Rio Grande – Trevo - até o Trevo da Praia
Grande. Vale lembrar que o trecho da rodovia entre Ubatuba e
Caraguatatuba já existia, e para concluir a ligação entre as duas
grandes capitais portuárias do país, Rio e Santos, foi necessário
utilizar trechos da rodovia paulista, hoje SP 055, que percorre as
cidades do litoral norte.
A
primeira base em que funcionavam as instalações do DNER, o seu
escritório montados em madeira, localizava-se onde hoje funciona a
atual sede da Prefeitura Municipal, construída pela mesma. Eram
muitas as frentes de serviços, equipes em trechos diferentes no
trajeto da estrada como no trecho do Rio Grande - Trevo, no
Itamambuca onde havia o acampamento da Construtora mantida pelo DNER
e no trecho do Rio da Praia da Fazenda. Enquanto uma equipe
desbravava matas
fechadas, desmatando, outra se dedicava aos destroncamentos e
encravamentos de estacas metálicas para construção de pontes. Eram
vários os trabalhadores braçais, uma média de mais de 500 homens,
todos vindos dos Estados de Minas e da Bahia2.
As
dificuldades eram muitas, pois, o lado norte do município não
possuía nenhum caminho por simples que fosse. A estrada da Casanga
era um caminho que possibilitava o acesso até o acampamento no
Itamambuca, mas de difícil percurso. As muitas máquinas de
terraplanagem eram transportadas por “chatas”, tipos de balsas
que pelo mar seguiam até as praias da Fazenda e Ubatumirim. Os
serviços eram 24 horas, todos os dias e com dois turnos e que
durante a noite costumava-se escutar os barulhos das máquinas
trabalhando do centro da cidade.
De
acordo com Barhouch, o trecho da estrada sob sua responsabilidade da
obra finalizada era até a região do Rio da Praia da Fazenda,
terminado o trecho paulista. Até ali viria de encontro com a
abertura da estrada, obra do trecho que vinha do Estado do Rio de
Janeiro. O percurso da estrada cortando o município de Ubatuba
passava por algumas fazendas de café, grandes áreas que foram
desapropriadas pela Procuradoria Jurídica Federal. Muitos
loteamentos, como o Mato Dentro, o Jardim Carolina e da Estufa
(dividida em Estufa I e II), tiveram os imóveis, terrenos com casas
próximo ao centro da cidade, cortados pela rodovia.
Hoje
a manutenção da estrada é feita por equipes terceirizadas,
contratadas por empreiteiras sob a responsabilidade da DNIT com sede
à Rodovia BR-101, a altura do km 49, juntamente do o Departamento de
Polícia Rodoviária Federal. Said Barhouch Filho é o engenheiro
responsável desde o ano de 1974, sendo este departamento pertencente
à Regional de Taubaté, sob a responsabilidade do engenheiro Nilson
Franco Martins, e ao Estado de São Paulo do 8º UNIT3.
1
Segundo o site http://estradas.com.br/histrod_riosantos.htm
, a Rodovia Rio –
Santos foi entregue em três etapas, nos anos de 1973, 1974 e
finalizando em 1975, e que sem uma inauguração oficial, esta
rodovia atendia a três objetivos principais: 1) unir dois
importantes pólos econômicos, em opção lógica e muito
vantajosa, seguindo a Serra do Mar; 2) podendo servir de meio de
fuga no caso de problemas graves na Usina Nuclear para os moradores
na região de Angra dos Reis; 3) exibir os encantos da exuberante
natureza da região ao turismo, com suas mais de mil praias, ilhas,
cachoeiras além de suas matas e montanhas.
2
Foi nesta época da construção da rodovia BR-101, que aconteceu a
maior migração de mineiros e alguns baianos para o município de
Ubatuba. Naquele momento da história nacional, o desemprego era
grande e estas pessoas, homens ansiosos por trabalho e assim
sustentar suas famílias, largaram suas cidades natais, em direção
ao litoral paulista. Segundo o senhor Barhouch as pessoas em Ubatuba
não se habituaram ao
esquema de trabalho da empreitada nas obras da rodovia, forçando a
contratação destes mineiros e baianos. Razão que justifica hoje a
boa parcela destes imigrantes, fazendo parte dos habitantes de
Ubatuba.
3
O texto sobre a BR-101 – Rio – Santo foram de informações
colhidas em entrevista realizada em 31/05/2005 com o senhor
Barhouch, no DNIT em Ubatuba e de pesquisa realizada no site
http://estradas.com.br/histrod_riosantos.htm,
em 24-05-2005.
Curiosidades sobre a construção da Rodovia BR 101 ( Rio-Santos)
Segundo
o site http://estradas.com.br/histrod_riosantos.htm
, a Rodovia Rio –
Santos foi entregue em três etapas, nos anos de 1973, 1974 e
finalizando em 1975, e que sem uma inauguração oficial, esta
rodovia atendia a três objetivos principais: 1) unir dois
importantes pólos econômicos, em opção lógica e muito vantajosa,
seguindo a Serra do Mar; 2) podendo servir de meio de fuga no caso de
problemas graves na Usina Nuclear para os moradores na região de
Angra dos Reis; 3) exibir os encantos da exuberante natureza da
região ao turismo, com suas mais de mil praias, ilhas, cachoeiras
além de suas matas e montanhas.
Foi
nesta época da construção da rodovia BR-101, que aconteceu a maior
migração de mineiros e alguns baianos para o município de Ubatuba.
Naquele momento da história nacional, o desemprego era grande e
estas pessoas, homens ansiosos por trabalho e assim sustentar suas
famílias, largaram suas cidades natais, em direção ao litoral
paulista. Segundo o senhor Barhouch as pessoas em Ubatuba não se
habituaram ao esquema de trabalho da
empreitada nas obras da rodovia, forçando a contratação destes
mineiros e baianos. Razão que justifica hoje a boa parcela destes
imigrantes, fazendo parte dos habitantes de Ubatuba.
DO LIVRO...............UBATUBA , ESPAÇO , MEMÓRIA E CULTURA - EDITADO EM 2005 - AUTORES
JORGE OTAVIO FONSECA E JUAN DROUGUETT
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