O próspero comerciante Silvino Teixeira Leite, foi indicado e eleito prefeito em 1946, sendo o seu antecessor o farmacêutico Seu Filhinho, da situação, ambos eleitos indiretamente governaram apenas um ano, o que comprovava o esquema tapa-boca, que de tão eficiente que era, é usado até os dias hoje pelos nossos governantes. Os apadrinhados, por sua vez, eram escolhidos quase sempre entre os de baixíssima escolaridade, sendo indicados e eleitos indiretamente por manobras políticas.
Sabiam antecipadamente que governariam de mãos atadas e que o comando das rédeas estaria sempre nas mãos dos “Oliveiras” que, apesar da graduação militar que ostentavam, nunca receberam soldo. Diziam os antigos: “Os ‘Oliveiras’ tinham muita mais força quando um apadrinhado era o prefeito, porque assim era muito mais fácil dar o tapa e esconder as mãos”. Vejam que até os dias de hoje nada mudou, só piorou.
Disputa eleitoral mesmo nunca existiu naquela época. Quando os candidatos da situação estavam em desvantagem, a urna era imediatamente arremessada pela janela da Câmara. Na rua, um tal de Benedito Amorim, morador no bairro da Lagoinha, era incumbido de apanhá-la e jogá-la ao mar.
Em outra disputa, os candidatos da situação colocaram um monte de areia da praia, do lado de fora, embaixo da janela da Câmara para que, no caso de estarem perdendo, pudessem pular, com a urna debaixo do braço, sem se machucar. Certa ocasião, um candidato acabou ficando preso e dependurado pelo paletó na dobradiça da referida janela. Foi aquele bafafá, e a eleição, anulada. Marcou-se uma nova data.
Nesse dia, o ferrenho oposicionista, Sr. Quintino, residente na rua Jordão Homem da Costa, próximo ao Grupo Escolar Dr. Esteves da Silva, devolveu a gentileza: simplesmente levou a urna para casa e ateou-lhe fogo. Formou-se uma enorme discussão. Contaram-se os votos que restaram, e a situação continuou no poder. Para acalmar os ânimos dos mais exaltados e proporcionar uma governabilidade mais tranqüila à situação, esporadicamente elegia-se um candidato da oposição, uma espécie de tapa-boca. Esse candidato era eleito por um ano ou um pouco mais, dependendo do seu comportamento.
Coronel Ernesto então dizia: “Mesmo eu não sendo eleito, nunca perco a eleição... porque eu comprimento com o meu (chapéu de três pontas).” E caía na gargalhada. Vejam que nada mudou até os dias de hoje. Os mais conhecidos, eleitos nessas condições, de oposicionistas, foram: Aristides Bonifácio Garcia (1931 a 1932), o dentista Altivo Simonetti (1941 a 1942) e o próspero comerciante Silvino Teixeira Leite (1946 a 1947), ano em que terminou o Imperialismo da Família Oliveira (Seu Filhinho). Mas, para as famílias tronco aqui do centro, onde a minha se inclui, nós vivíamos mesmo... era sob o jugo dos “Oliveiras”.
Sobre o prefeito Aristides Bonifácio Garcia, sabe-se apenas que foi nomeado prefeito em virtude da renúncia, dois meses após ter sido nomeado, o senhor João Xavier Teixeira, cuja nomeação deveu-se à dissolução da Câmara em decorrência da revolução getulista de 1930. Já o Prefeito Altivo Simonetti, como pouca coisa havia para se fazer na administração pública daquela época, inventou de construir três banheiros no prédio do Mercado Municipal, conhecido como “As Casinhas”, na Rua do Comércio (hoje avenida Dona Maria Alves, no local onde está situado o Delta Shopping, ao lado das Casas Bahia), com fundos para a rua Condessa de Vimieiro. “As Casinhas” abrigavam os tropeiros que, vindos do Bairro Alto, Catuçaba, Cunha, Natividade da Serra, Taubaté e, com predominância, de São Luiz do Paraitinga, traziam suas mercadorias no lombo dos burros para serem comercializadas em Ubatuba.
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Nota do Editor: Francisco Velloso Neto, é nativo de Ubatuba. E, seus ancestrais datam desde a fundação da cidade. Publicado no Almanak da Provícia de São Paulo para o ano de 1873. Envie e-mail parathecaliforniakid61@hotmail.com.
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