terça-feira, 26 de abril de 2011

MINI SÉRIE : A VERDADEIRA HISTORIA DE HANS STADEM E UBATUBA - 3 ª PARTE

Entregue a Ipiru-guaçu,, um selvagem que o guardaria durante o tempo de sua permanência na aldeia, foi conduzido a uma cabana, onde vários líderes sentaram –se a sua volta e começaram a conversar. Falaram à respeito de uma profecia sobre um português que seria capturado e Hans Staden , declarando-se amigo e parente dos franceses, tenta esclarecer o equivoco mas encontra dificuldade em convencê-los, pois conheciam sua ligação com os portugueses.




Os selvagens esclareceram ao cativo a relação amistosa que mantinham com os franceses, que os presenteavam com objetos como facas, espelhos, machados e outros utensílios e em troca, recebiam dos nativos o pau-brasil, algodão, pimenta, etc, . Já com os portugueses era uma relação de animosidade, marcada pela traição, pois, num um primeiro contato, os Tupinambá , foram capturados e entregues pelos portugueses aos adversários Tupiniquim, que gozavam da amizade dos lusos Muitos deles foram mortos com ajuda dos portugueses e devorados pelos selvagens, seus inimigos tradicionais.
Não conseguindo, através de seus argumentos, convencê-los que nada tinha a ver com a profecia, Hans Staden insistiu que não deveria ser morto antes de encontrar algum dos franceses que viviam entre os selvagens e que poderiam reconhecê-lo

Certo dia chegou a aldeia dos Tupinambá um francês chamado por eles de Caruatá-uára que morava a umas milhas dali. Sabendo da captura do artilheiro alemão foi lá constatar este fato. Hans Staden ficou feliz achando que de alguma forma o francês ajudaria, pois parecia ser um bom cristão. Em uma rápida conversa com o alemão não entendeu nada do que o alemão falava, dizendo logo em seguida aos selvagens que poderiam matá-lo, pois se tratava de um verdadeiro português, inimigo deles. Hans Staden, pensou no versículo no versículo bíblico do profeta Jeremias: “Amaldiçoado seja o homem que confia nos homens”. Então, abatido e muito triste voltou à sua cabana, deitou-se na rede, desamparado, cantava outros versículos em voz trêmula enquanto os selvagens preparavam a festa onde o matariam.

Cunhambebe era um dos mais distintos chefes dos Tupinambá. Morava em uma aldeia próxima a qual o alemão capturado se encontrava, chamada Ariró. Ele reuniu-se em uma festa regada a cauim com outros chefes que foram para ver o alemão e Hans Staden, foi levado ao encontro de Cunhambebe, o grande cacique. Ao chegar a aldeia, Hans Staden viu várias cabeças de Maracajá, inimigos dos Tupinambá, espetadas em mourões se apavorou sentindo-se prefigurado nesses crânios expostos. Cunhambebe tinha fama de ser um grande guerreiro e tirano, gostava de devorar seus inimigos. Hans Staden, ousadamente, foi em direção de quem lhe parecia ser Cunhambebe e disse: “Você é o Cunhambebe, você ainda vive?” – Ele respondeu olhando-o ferozmente: “Sim, eu ainda vivo.” - Staden disse: “Então muito bem, ouvi falar muito de você, e que você é um homem muito habilidoso.” Cunhambebe levantou-se e todo cheio de satisfação andava de um lado para o outro na frente do alemão. Observando-o, Staden reparava em todos seus adornos, atitudes e gestos que o faziam parecer o mais poderoso entre os caciques Tupinambá. Cunhambebe sentou-se a sua frente e ficou fazendo perguntas sobre seus inimigos portugueses e os Tupiniquim, querendo saber o que o alemão achava deles e se planejavam algo contra eles. Hans Staden, entre outras coisas disse que preparavam uma frota de 25 barcos e em breve atacariam, as aldeias Tupinambá.

Os selvagens continuavam a zombar do alemão ao mesmo tempo em que bebiam muito o cauim. O filho do Cunhambebe ameaçou Hans Staden e prendendo-lhe as pernas, amarraram seus pés fazendo o pular por toda a cabana. , de forma constrangedora. Aos gritos diziam: “Lá vem nossa comida pulando!” e apalpavam cada parte do seu corpo escolhendo o pedaço que pretendiam devorar. Na manhã do dia seguinte seria levado à Ubatuba onde seria morto

Mais uma vez o destino conspira a favor do alemão e o ataque por ele anunciado acontece . Chegam as 25 canoas em uma manhã e um grande confronto se estabelece entre as duas tribos inimigas. Os Tupinambá chegaram a ficar apavorados. Então o artilheiro alemão resolveu ajudá-los no ataque e com arco e flecha em punho começou a defender suas cabanas ,atirando e gritando ao modo dos selvagens. A intenção era escapar chegando até os atacantes que o conheciam, mas os Tupiniquim bateram em retirada e o alemão foi colocado sob guarda novamente.Na volta do ataque invadiram a aldeia de Mambucaba mas todos seus habitantes conseguiram fugir,embora cabanas tenham sido queimadas e a aldeia completamente destruída. Nhaêpepô-oaçú ordenou a Ipiruiguaçu, a quem havia dado o alemão de presente, que o vigiasse, pois partiriam a Mambucaba para reconstruir a aldeia onde tinham parentes e amigos, também trariam de lá farinha de raízes para festa em que comemorariam a morte do alemão.

Dias depois o irmão do chefe Nhaêpepô-oaçu veio de Mambucaba com a noticia de que seu irmão e família que moravam em Mambucaba, estavam muito doentes. Nhaêpepô-oaçu pediu ao irmão que voltasse e pedisse ao alemão, Hans Staden, que conseguisse junto a seu Deus a cura para todos eles. O selvagem disse: “Meu irmão acha que teu Deus está zangado”.- Respondeu o alemão: “Sim. O meu Deus está zangado, porque seu irmão queria me comer, foi à Mambucaba e lá este está preparando a minha morte. Vocês afirmam que eu sou português, e eu não sou!. Vá ao encontro de seu irmão. Ele precisa voltar para a cabana dele aqui. Depois eu falarei com o meu Deus para que ele fique bom.” - Assim o selvagem voltou à Mambucaba levando a resposta do alemão.

O retorno do chefe Nhaêpepô-oaçu e de sua família doentes à aldeia, fez com que Hans Staden fosse chamado à sua cabana. Ele já imaginava que isso fosse acontecer, pois se lembrou do dia em que comentou sobre a lua estar zangada e que ela olhava para a cabana do chefe, e de ter sido um presságio de Deus. Daí passou pela cabeça do alemão que poderia contar com Deus, e isso lhe garantiria a vida. Logo, o alemão, disse confirmando ao Nhaêpepô-oaçú que era verdade, que todos haviam ficado doentes porque eles queriam comê-lo e que a desgraça deles vinha deste motivo. O chefe deu ordens insistentes para que nada fizessem ao alemão e para que todos ficassem bem de saúde. Staden pediu a Deus e entregou a vida daqueles selvagens enfermos em suas mãos.



VOCÊ   ESTÁ ACOMPANHANDO A MINI SÉRIE :  A  VERDADEIRA HISTÓRIA DE HANS STADEM  E   UBATUBA...

Textos extraídos na integra do Livro UBATUBA, ESPAÇO, MEMORIA E CULTURA - ED. 2005


CONFIRA  A 4 ª PARTE  , A SER PUBLICADA NO DIA 30 DE ABRIL



Nenhum comentário: