rupo de Ubatuba aguarda definição judicial sobre área onde vivem na miséria mais de 40 guaranis
Ubatuba - A menos de uma semana do Dia do Índio, um grupo guarani de Ubatuba não encontra motivos para festejar a data. Vivendo em completa miséria, mais de 40 índios que se apossaram da aldeia cenográfica onde foi rodado o filme "Hans Staden", no Corcovado, aguardam a regularização do local como área indígena .
Por estar em uma propriedade particular fora de área tutelada pela Funai (Fundação Nacional do Índio), o grupo não é assistido por programas oficiais e as famílias dependem da venda de artesanato para sobreviver.
Há três anos o processo corre na Justiça Federal de São José dos Campos. Enquanto o processo tramita na Justiça, as famílias ficam proibidas de extrair palmito e caçar nas dependências do Parque Estadual da Serra do Mar, atividades reservadas apenas aos índios da Aldeia Boa Vista, que fica no Prumirim.
As famílias instaladas na aldeia cenográfica, batizada de Renascer, estão divididas em três ocas grandes, não têm água limpa, sanitários ou medicamentos.
"A situação hoje é de penúria. Crianças em idade escolar não estão matriculadas porque a maioria é mestiça e corre o risco de perder a identidade cultural se aprender só a cultura do homem branco", disse o cacique Antônio da Silva Auá, 48 anos.
Para agravar mais a situação, 12 índios da tribo tupi-guarani, que estavam na aldeia de Paraty-Mirim (RJ) mudaram para aldeia Renascer. Os índios estão amontoados em uma área onde existiam os banheiros.
O vice-cacique Aberlado Cairi da Costa, 37 anos, disse que as condições são precárias. Para os chefes tribais, se houvesse o reconhecimento da área onde estão, seria possível amenizar os problemas.
Mesmo com a pendência judiciária, os índios estão levantando novas "casas" e já pensam na criação de peixes. "O problema é que precisamos de ajuda, mas toda vez que tentamos desenvolver alguma atividade na cidade encontramos obstáculos", disse o cacique Auá.
FISCALIZAÇÃO - Para o comandante da Polícia Florestal de Ubatuba, tenente Davi de Sousa Silva, sem uma definição da Funai, a polícia não pode liberar a entrada dos índios na área de proteção ambiental para caça e extração do palmito.
A maior dificuldade desses índios, de acordo com o administrador substituto da Funai, em Bauru, Gilberto Abreu Amaral, é que eles estão sem aldeia, misturados com brancos e não querem sair de onde estão.
Além da Aldeia Boa Vista, o Litoral Norte tem outro grupo indígena que vive na Aldeia do Rio Silveira, em Boracéia, São Sebastião. Os dois grupos afirmam que, apesar das conquistas, ainda não há muito que se comemorar no Dia do Índio. (Fonte: ValeParaibano)
FONTE >
Segunda-feira, 16 de abril de 2001 - Nº 270
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