terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

MINI -SERIE...........A PAZ DE IPEROIG



Do Livro UBATUBA, ESPAÇO, MEMORIA E DOCUMENTÁRIO..........Apresento  A   PAZ DE IPEROIG, um relato verdadeiro do realmente ocorreu durante a estada do Padre José de Anchieta na Aldeia de Iperoig ( Ubatuba) e q. culminou no 1 º Tratado de Paz das Américas, o qual ocorreu aqui, em nossa querida Ubatuba...





imagem/ arquivo/ubatubense.blogspot.com

A PAZ DE IPEROIG – Logo no início deste capítulo, fizemos referência à intervenção jesuíta no processo de colonização portuguesa. Os padres haviam chegado de barco a Iperoig, em companhia de José Adorno. Na chegada foram rodeados “de canoas” e deram de cara com Coaquira e Pindabuçu. Encabeçando a expedição, ergue-se Anchieta que foi, em seguida, reconhecido junto com Nóbrega pelos chefes índios. A imagem destes dois jesuítas inspirava para eles respeito e consideração. Nessa ocasião, as palavras de Anchieta foram revestidas em um discurso afável, dizendo que ambos sacerdotes não partilhavam dos mesmos sentimentos dos portugueses que matavam e escravizavam os índios, os lembrou daquilo que ele já tinha feito em favor das aldeias: educar crianças, tratar doentes, consolar velhos e defender os fracos contra os opressores (Torres, 2000:65).


Coaquira hospedou os embaixadores da paz, oferecendo hospitalidade na Aldeia de Iperoig que seria o sitio de tais negociações e assim foram convocados os cinco chefes da Confederação: Cunhambebe, Aimberé, Pindabuçu, Coaquira e Araraí. Destes cinco chefes Tupinambá, Aimberé era considerado por Anchieta o mais cruel de todos, o sucessor de Cunhambebe que havia morrido por causa das epidemias trazidas pelos europeus e que dizimaram grande parte dos índios. No lugar do líder, outro Cunhambebe, provavelmente filho deste grande guerreiro que anteriormente liderou a Confederação.

Aimberé tinha razões de sobra para não confiar nos portugueses, pois estes o tinham aprisionado na fazenda de Brás Cuba junto com seu pai, também a sua mulher Iguaçu na toma do Forte Coligny foi feita escrava. Tudo isto se agravava uma vez que Anchieta traiu um segredo de confissão ao revelar o plano de ataque dos Tamoio a Piratininga, plano confesso por Tibiriçá, o cacique aliado dos portugueses, sogro de João Ramalho, grande proprietário de terras e pioneiro no tráfego de escravos no Brasil.

João Ramalho era um homem lendário, possivelmente náufrago e degradado; audacioso, aventureiro que controlava o litoral e o planalto paulista, situando-se acima dos poderes temporais estabelecidos pela Coroa. Possuía um harém de mulheres, entre as quais estava Bartira, sua predileta, filha de Tibiriçá. Tinha muitos filhos, considerados “mamelucos”. Para os jesuítas esta situação irregular de João Ramalho resultava motivo de ex-comunhão, até ele consentir posteriormente o casamento oficial. João Ramalho inaugurou um novo sistema de escambo com os europeus, no qual a madeira tão prezada, o pau – Brasil foi substituído pelo escravo – indígena. Ramalho escravizou guaianases, carijós e tupiniquim. Por esta razão, transformou-se desde seus inícios em alvo da Confederação.

Os relatos de cronistas contam que certo dia, Tibiriçá recebeu a visita de um emissário dos Tamoio, seu sobrinho Jogoanharo, filho de Araraí seu irmão, que trazia noticias de Aimberé, desejoso de contar com ele na luta da Confederação. Aimberé queria de volta Tibiriçá a seu antigo povo, e assim superar o conflito entre Tupinambá e Tupiniquim. Tibiriçá sentiu-se honrado com o convite, no entanto, questionava sobre o tempo do ataque que seria no prazo de três luas, pedindo um adiamento a seu sobrinho. Este último fala da impossibilidade da postergação, até porque ele era apenas um emissário da notícia, mas volta confiado na adesão para dar a boa nova ao povo Tamoio.

Anchieta percebe que logo após este acontecimento, Tibiriçá não estava em paz consigo, angustiado, o velho cacique Tupiniquim.


CONTINUA......Dia 20 / 02/ 2011, publicação do SUB-CAPITULO " PAZ DE IPEROIG".....Pagina 208 em diante..

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