segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Maranduba: árvore, ilha, lago, terra, lenda ou tudo junto?

Vista aérea da Maranduba


Nas caixas 190 e 191 dos maços da População da Vila de Ubatuba, do Arquivo Público do Estado de São Paulo, pesquisa esta realizada pelo historiador Euclides Vigneron, acredita-se que o topônimo BRAJAHIMERINDUBA, já transcrito em 1827, designado a área de terra conhecida atualmente como Maranduba, bairro e praia de Ubatuba que conhecemos bem, poderia ainda ser aquela oriunda da junção de BREJAÚVA (espécie de palmeira) e MASSARANDUBA (árvore parecida com a Urucurana), existentes em grande quantidade na região. 





Considerada a maior área de terras cultiváveis e plana, próxima a faixa costeira, da 2ª. CIA., era da propriedade de João Agostinho Stevenné (França) ou região de Brejahimirinduba. Massaranduba, ou Maçaranduba (Pouteria Ramiflora), árvore da família das Sapotáceas, de madeira vermelho-escura, fibra fina, boa de ser trabalhada, boa para dormentes de estrada de ferro, de fruto e suco saboroso, produz látex que dá borracha de qualidade inferior. ‘‘Massaranduba não e do número de paus preciosos por sua cor... é porém merecedor de muita estimação pela sua muita dureza e fortidão, com ser mais leve que muitos outros e muito dura, e por ela as embarcações que se fazem da sua madeira são quase eternas...’’ ( Pe. João Daniel).

‘‘Massaranduba é fruta mais saborosa das nossas matas... só de uma Massarandubeira eu tirei dois litros de leite.’’ ( Visconde Chermont de Miranda).

‘‘Massaranduba ou arvore de leite, cuja seiva se bebe misturada com café. ’’(E. Reclus).

Para outro pesquisador J. David Jorge do Arquivo do Estado refere-se à denominação de Maranduba como uma pequena ilha, um rio e um lugar no município de Ubatuba. Descreve ainda que se trata de uma ilha marítima, pequena e de formação granítica, localizada bem de frente a foz do Rio conhecido pelo nome de Brejamirinduba.

Para o pesquisador e pai do Dicionário Geográfico da Província de São Paulo, Dr. João Mendes de Almeida, o verdadeiro nome desta ilha é Merinbuba e não Maranduba (conhecida também como ilha do Tamerão). Na época da pesquisa, o rio de que se fala, é aquele que conhecemos que corre entre Ubatuba e Caraguatatuba, desaguando no mar. O lugar deste nome é antigo bairro do município de Ubatuba, hoje um dos mais importantes distritos de paz. No dicionário ainda menciona ainda, a ilha, com praia e enseada para abrigo e ainda com arrecifes do lado de leste onde o mar bate rijo as rochas.
Desta forma o vocábulo Maranduba é composto: Mara-nduba, significando: mar estrondoso ou estrondo do mar. De Mara (mbará, bará, porá): mar, rio caudaloso. Nduba: estrondar. Ndu: rumor, rumoroso. No linguajar dos índios do Nordeste brasileiro, o termo que designa rumor ou estrondo é teapú ou teapuaçú, tanto que rumorejante é teapú-monhangauá, rumorejar é munhã-teapú e estrepidar é teapú-açú.
Deve-se para tanto grafar Mara-nduba e não “Maran-duba”, porque nos falar dos brasilindios não existe o som do “d “mudo, mas sempre o grupo “nd.”

Então temos ainda do nome Maranduba os possíveis e seguintes significados:

A) O estrondar da batalha, da luta ou da guerra, se ao invés de Mara, dissermos a começar pelo composto Marã, como falamos.

B) Local de muitos conflitos, desordem, batalhas ou guerras, se o “nduba”for uma variante de “tuba” ou “tyba”, portanto, sufixo, tendo como equivalente à terminação portuguesa” ai”, este sufixo indica sitio, local, pouso, lugar onde há reunião ou abundancia de indivíduos ou coisas da mesma espécie.

C) Lugar que se junta grande quantidade de água do mar ou do rio.

D) Contado, dado notícia, se Maranduba for uma corrupção de “Maranduua”.

E) Conto, notícia, história, se houve alteração do vocábulo “Marandyua” para Maranduba.

F) Também na língua dos índios, Maranduba ou “Poranduba”, significa o conjunto de histórias bonitas, que umas gerações contam as outras, sobre a origem da tribo, os seus feitos e valores, ou os seus atos de heroísmo, o que nós conhecemos como Tradição Oral.

Independente da origem do nome Maranduba, cabe a nós preservá-lo não só da forma elitizada das leis ambientais, mais ainda de seu potencial de que foi no passado e perspectiva de futuro. Nossa região é uma mulher bonita que todos querem namorá-la, mas está mal cuidada, porém poucos reconhecem seu devido valor. Sem comprometimento e sem vinculo com a nossa história, fica difícil.

EZEQUIEL DOS SANTOS
WWW.MARANDUBA.COM.BR

Nenhum comentário: