No período de julho a setembro, a corrente das Malvinas tende a aproximar-se da costa do Brasil e com ela viajam diversos animais marinhos como leões marinhos, lobos marinhos e pingüins, entre outros, provenientes da costa argentina, que ocasionalmente vêm parar em nossa costa.
Este ano, a sede do Projeto Tamar/Ibama já recebeu cerca de 60 pingüins e o que mais chama a atenção da equipe técnica é que nesta época do ano já deveriam estar encerradas tais visitas.
O número tão grande destas inesperadas visitas está acarretando um grande problema, pois os pingüinários existentes no país estão lotados. O Museu Oceanográfico da FURG (Fundação Universidade de Rio Grande) liberou este ano em alto mar centenas de pingüins recolhidos na costa sul e sudeste do País, onze deles encaminhados pela Base de Ubatuba do Projeto Tamar.
Segundo o Biólogo José Henrique Becker, antes de destiná-lo aos pingüinários, eles recebem um primeiro atendimento, onde é verificada a temperatura corpórea. Normalmente, eles se encontram com hipotermia, o que prejudica a alimentação. Os pingüins são também vermifugados.
Atualmente, o Projeto Tamar está abrigando dois pingüins de magalhães. Para distingui-los durante o tratamento são colocadas fitinhas coloridas nas asas. Tal procedimento foi fundamental para identificar os animais pois o Tamar chegou a manter em tratamento quinze pingüins de uma só vez. Devido ao grande número de ocorrências deste ano e à falta de locais adequados para recebê-los, o Projeto Tamar está trabalhando em conjunto com o Ibama para criar um procedimento mais adequado de encaminhamento destes animais.
O projeto Tamar, criado com a finalidade de preservar as tartarugas marinhas, não dispõe de estrutura adequada para atender estas ocorrências. Apesar disto, tem recebido nestes últimos anos, diversos animais como tamanduás, preguiças, garças, frangos d’água, etc. Dentre eles, o mais exótico foi uma ave “cabeça seca” da região do Pantanal, que apareceu em nossa região.
O nosso litoral necessita de um centro de reabilitação, onde possamos levar estes animais, principalmente com uma estrutura adequada para atender imprevistos como os que estamos sofrendo este ano, pois este fenômeno polar, ainda inexplicável, está sendo um transtorno, pois ninguém pode se responsabilizar por baleias, golfinhos, etc. que encalham em nossas praias e, pior, não temos estrutura para resolver ou lugar adequado para abrigá-los e quando a população tenta ajudar, às vezes por falta de informação, acaba prejudicando.
Saiba quais precauções devem ser seguidas quando encontrar pingüins:
Não os coloque no gelo, pois ele terá queda de temperatura (hipotermia), e não tente alimentá-los.
Outros animais como leões e lobos marinhos podem ser perigosos e recomenda-se não se aproximar.
Enquanto o fenômeno continuar, os visitantes polares serão uma grande fonte de notícia, atração turística e uma grande incógnita para os estudiosos da área.
JORNAL A SEMANA :
Publicação Semanal - Edição 110- Ubatuba, 15 a22 dezembro de 2000
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