quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Folia do Divino emociona moradores tradicionais


                                                       Folia do Divino no Sertão da Quina




Após décadas de ausência da Folia do Divino, moradores tradicionais se encantaram com a visita do Grupo de Folia de Reis do Poruba e Itaguá que vieram abrilhantar o dia dos trabalhadores no Sertão da Quina.

Como reza a tradição, a bandeira do Divino visitou as casas de José João, José Félix, Benedita Cabral, Manoel João, Antonio Correia e Maria Aparecida Correia. Muitos não acreditavam no que viam, já que há pelo menos duas décadas a bandeira do Divino não visitava as casas na região. Maria Aparecida Correia, 63, conta que a emoção foi tanta que deu vontade de chorar.



Maria Luiza e Ana Eliza, netas de Maria também participaram do grupo. “A bandeira do Divino trouxe muita paz aos moradores, isto queremos passar as nossas crianças”, comenta Maria. A visita repercutiu positivamente na comunidade, já que o evento lembra o período de maior unidade na comunidade de toda a região.

O divino, como também é chamado, foi trazido ao Brasil ainda no período de seu descobrimento e passou por várias mudanças e alterações, mas manteve a intenções originais – a unidade e a fé das comunidades através da cultura. Quem não se lembra dos bons tempos, dos almoços oferecidos à folia, as pessoas se amontoavam nos quintais e nas casas para verem seus integrantes homenagear o Divino Espírito Santo, não havia vergonha a este costume não urbano.

A Folia, que é considerada um patrimônio imaterial de nosso povo tem um valor inestimável e que muitos documentários, alguns internacionais, retratam estas manifestações que são parte do processo de preservação da identidade e formação cultural do Brasil, com raízes profundas na formação dos elos de parentesco entre as comunidades, forte relação histórica, social, antropológica e espacial de colonização civilizatória de nosso território. Por quase meio século, e, alguns pontos do país, este patrimônio ficou adormecida.

Foi com o isolamento relativo, ainda do período da decadência dos portos em Ubatuba que nossas populações aprimoraram seu modo de vida de forma particular, destacavam-se o uso sustentável e natural do meio ambiente e o reforço às identidades culturais. Isto envolvia a grande dependência dos ciclos naturais, conhecimento profundo dos ciclos biológicos e dos recursos naturais, também se misturava as estes conhecimentos o calendário religioso indígena, negro e europeu. Envolvia ainda conhecimentos de tecnologias patrimoniais, simbologias, lendas e até uma linguagem específica, com sotaques e inúmeras palavras novas ou diferentes, algumas que fizeram parte dos cantos da Folia e do Divino, assim como a confecção dos instrumentos musicais e sonoros que estiveram nas casas visitadas. Como os canoeiros de voga, a folia era considerada o jornal da época, como eles viajavam muito levavam e traziam as notícias aos lugarejos.

Importante descobrir que existe uma grande expectativa de moradores para o retorno do Divino e que muitas outras famílias anseiam a visita em suas casas. Bom para a cultura e bom para as famílias.
EZEQUIEL DOS SANTOS
www.maranduba.com.br

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