sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

UBATUBA 1933....21 DE ABRIL DE 1933 , O DIA EM QUE O PRIMEIRO AUTOMOVEL CHEGOU A UBATUBA...





Na tarde de 21 de abril de 1933, Ubatuba estava engalanada. Um arco florido emoldurava a Rua do Comércio ( a atual Rua maria Alves ainda era denominada Rua do Comércio), veja foto acima, por onde passaria triufante o automóvel pioneiro, inaugurando a Estrada Ubatuba – taubaté (a atual Rodovia Oswaldo Cruz). Gente na rua , muita gente, mas só os caiçaras, porque os “ turistas” vieram depois.


As crianças foram dispensadas mais cedo das escolas . E nas esquinas, marmanjões,  sobraçando maços de rojões, mantinham-se em guarda , olhos voltados para o fim da rua, aguardando a nuvem de pó que denunciaria aa entrada triunfal do portador do facho vivo do progresso !


Quatro horas , cinco, as seis uma garoa fina, muito fina começou a cair sobre a cidade. As sete, um defeito qualquer paralisou  a pequena usina local que nos fornecia iluminação elétrica. As oito , tudo escuro, começou a dispersão. Pouco a  pouco todos recolheram-se à suas resid~encias, decepcionados, tementes de que ainda desta vez pudesse falhar o ramo de esperança que parecia acenar sobre a nossa terra.
Nove horas, estávamos em nossa casa, terminando o jantar e comentando o insucesso daquela tarde, quando ouvimos , distante, estourar um rojão. Poucos segundos depois, mais um , e outro mais. E já se ouvia aproximar, rouquenho, o fonfonar dos “ claquesons” de automóveis que penetravam na cidade pela rua principal.
Encaminhando-nos ao Ubatuba-Hotel, do Armando Bohn, no Largo da Matriz, onde estavam reservados aposentos para os ilustres excursionistas, lá fomos encontrar  os Srs. Dr. Luiz Silveira, diretor geral, respondendo pelo Expediente   da secretaria da Viação;  Coronel Dilermando de Assis, respondendo pelo Departamento de Estradas de Rodagem; Dr. Quirino Simões, diretor licenciado daquele Departamento; Anísio Ortiz Monteiro, Prefeito de Taubaté; Dr. Mariano Montesanti, engenheiro desbravador da estrada, e Ilidio Patto, encarregado das Obras. Merece também passar a história o motorista José de Oliveira, que conduziu um dos automóveis.
Essa caravana logo se viu cercada da atenção do Prefeito , Capitão Deolindo de Oliveira Santos, que lhe ofereceu hospedagem, e dos Srs. Dr. Dante Paulino, Delegado de Policia; Oscar Amado da Cunha, Tabelião da Comarca; Prof. Ernesto de Oliveira Filho, Diretor do Grupo Escolar; José Bruno Rodrigues, Escrivão do Registro Civil; Dr. Benedito Sebastião Pires Nobre e outras pessoas representativas da cidade.
No jantar que lhe foi oferecido ( à luz de lampiões e velas ) falou o Dr. Dante Paulino, manifestando o júbilo e o reconhecimento da população pelo alcance da obra   que se inaugurava.
Agradecendo, o Dr. Luiz Silveira disse que, momentos antes, ao adentrar a lendária cidade, naquela  noite escura, garoenta, fria, ele estava certo de que via Ubatuba vivendo seus últimos instantes de um passado inglório , negro, desolador, acreditando que, no dia seguinte, o sol havia de surgir radioso e vivido, para despertar de uma nova era, promissora e feliz.
Proféticas palavras do ilustre paulista ! Naquele precioso instante – 21 horas do dia 21 de abril de 1933 – a cremalheira que desandava, imponente na freagem da derrocada ubatubense, entrou em ponto-morto, para, no dia seguinte, agindo em sentido contrario, levar nossa terra para a frente, no rumo dessa trilha franca e luminosa de progresso, pela qual se vai  conduzindo, certa de que, num futuro não distante há de ombrear-se, como estrela de primeira grandeza, com as da fulgurante constelação da hinterlândia paulista.

Trecho do livro UBATUBA – DOCUMENTÁRIO, de Washington de Oliveira, paginas 2111 e 212

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