segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

ESPECIAL UBATUBA , ESPAÇO, MEMORIA E CULTURA - 15 ª PARTE


7. FUNDART – FUNDAÇÃO DE ARTE E CULTURA DE UBATUBA

Localização

Rua Dr. Felix Guisard – Centro, bem em frente a Praça Anchieta, próximo ao Mercado de Peixe, no final da Av. Iperoig.


Funcionamento

A FUNDART mantém um calendário regular de exposições durante o ano todo e também oferece espaço para apresentações de teatro, dança e música, além de exibições de filmes em um auditório com capacidade para 70 pessoas.

O Sobradão do Porto como é conhecido o edifício onde funciona a FUNDART – Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba, foi construído em 1846 pelo armador Manoel Baltazar da Cunha Fortes, advindo ao Brasil em 1808 junto com a Corte portuguesa. Baltazar era fazendeiro de café e proprietário de uma vastíssima área da região litorânea.

O edifício é um sobrado em alvenaria de pedra e cal. O engenho da moagem fica no andar térreo e a residência no andar de cima. Uma versão litorânea da arquitetura urbanística que começou aparecer na Europa por volta de 1840, principalmente nas vilas européias de Espanha e Portugal.


Para a construção do Sobradão, o armador mandou trazer de Portugal as vigas, os gradis das varandas, os portais de pedra e as cantarias. Baltazar mandou misturar técnicas brasileiras de taipas de pilão à alvenaria européia e acrescentou a pintura francesa à fachada e aos interiores do prédio, dando-lhe um ar de extrema sofisticação. O terceiro andar e a fachada transformaram o edifício em uma obra de arte, o último baluarte da época de maior esplendor de Ubatuba, quando a cidade e este edifício foram o principal ponto na exportação de café pela via marítima.

O solar, típica construção mediterrânea transposta para a crescente cidade de Ubatuba serviu de armazém no andar térreo, lugar destinado para o marcado alfandegário, por ele passavam produtos de toda a região que seguiam rumo para Europa, os importados, como sal, cereais e outras mercadorias eram recebidos e armazenados com o intuito de garantir sua conservação. No entanto, o fluxo que movimentava o então Porto de Ubatuba foi desviado para Santos, com a construção da estrada de Ferro que interligou São Paulo ao Rio de Janeiro ao longo do Vale do Paraíba. Nessa época o Banco de Taubaté um dos principais financiadores de um ramal ferroviário que ligaria Ubatuba a Taubaté, entrou em falência,. Ubatuba abdica assim de suas atividades comerciais.

Por volta de 1890, a família Baltazar Fortes se muda para Rio de Janeiro deixando o prédio do Sobradão do Porto abandonado. O Casarão ficou fechado por longo tempo até que Julio Kerkis, um húngaro refugiado do regime comunista, chegou a Ubatuba em 1926, alugou o prédio de Benedita Fortes Costa, filha do armador português, e o transformou em o Hotel Budapeste que contou com um restaurante até o ano de 1934. Dois anos depois, o edifício foi vendido pelo herdeiro, Oscar Costa, à Cia. Taubaté Industrial – CTI de Félix Guisard. Nesse período, o prédio passou por uma série de alterações, assim como a área vizinha na qual Guisard construiu várias casas para Colônia de Férias dos funcionários da CTI. A parte térrea do edifício foi transformada para fins comerciais, funcionou por algum tempo como casa de lavoura e lojas de artesanato.

Em 1954, o Casarão do Porto foi tombado pela SPHAAN, Secretaria do Patrimônio Histórico Artístico e Arquitetônico Nacional e em 1983, desapropriado pela Prefeitura Municipal de Ubatuba. As obras de restauração tiveram início nesse mesmo ano com verbas do Ministério de Cultura sob a supervisão do SPHAAN de São Paulo, mas estas foram desativadas em 1987.

A partir desse ano, começou a funcionar no prédio do Casarão do Porto a FUNDART – Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba. O objetivo desta entidade é desenvolver a política cultural do município. Mantida pelo poder público, é uma Fundação Pública de Direito Privado, administrada por uma diretoria executiva e pelo Conselho Deliberativo. O Conselho deliberativo é formado por representantes de diversas áreas artísticas, como artes cênicas e dança, literatura, folclore, artesanato, história e geografia de Ubatuba, música, artes plásticas e fotografia, cinema e vídeo.

Uma das principais funções da FUNDART é reconhecer a cultura caiçara e suas expressões, a idéia consiste em preservar a memória e os costumes locais. Ensinar também é uma prioridade desta Fundação, há oficinas culturais onde as pessoas aprendem artes e ofícios: cerâmica, teatro de rua, instrumentos musicais, sucata, modelagem, cestaria, sapateado, desenho, ballet, piano, alongamento, violão e pintura. A instituição atende mais de 400 pessoas no edifício do Sobradão e também em bairros distantes através de programas especiais para crianças e adolescentes carentes como o projeto Cultura na Praça que leva atividades culturais desenvolvidas por monitoras especializadas em arte e educação.

A Biblioteca Municipal, Ateneu Ubatubense , administrada pela FUNDART, hoje é um espaço sócio – cultural onde os usuários contam com assessoria de monitores assim como classes das escolas municipais e estaduais são recebidas por meio de visitas guiadas. A Biblioteca oferece também os serviços de empréstimo de livros, xerox, acesso à Internet e hemeroteca.

No próximo dia 20/12/2010, você acompanhará aqui a 16 ª  parte DO ESPECIAL " UBATUBA , ESPAÇO, MEMÓRIA E CULTURA " - capitulo CORCOVADO, ENTRE A TERRA E OCEU DE UBATUBA

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