terça-feira, 30 de novembro de 2010

UBATUBA 1957....Destaque no caderno de turismo do Jornal Gazeta de SP de 1957



Sob o título “Ruínas que Falam de uma Época: Riqueza e Desumanidade”, a região ganhou destaque em 23 de setembro de 1957 no caderno de turismo do jornal A Gazeta de São Paulo, matéria sabiamente escrita pela jovem jornalista Regina Helena de Paiva Neto que fala do patrimônio histórico, cultural e ambiental da Lagoinha dos anos 50.

Com uma visão voltada à defesa do patrimônio material, imaterial e do desenvolvimento sustentável a jornalista até deu alternativas que, se hoje fosse aplicada, daria maior destaque a localidade, junto com uma supervalorização das propriedades.



Sua visita se deu por conta das fortes chuvas que assolaram o litoral naquela época, já que sua intenção era descansar três dias no Repouso Califórnia na cidade de Caraguatatuba. Seu descanso foi de apenas alguns minutos, aqueles que não choviam.

Insatisfeita por não conseguir desfrutar das belezas do litoral, procurou fazer amizades no repouso, foi quando, sabendo que era uma jornalista a convidaram para visitar um local, que além de bonito, nos remetiam a historia da formação do Brasil, comentou a jornalista. Aceito o convite, saíram em comitiva.

Pela estrada de terra, enfrentaram uma chuva torrencial, ao chegar ao local se abrigaram numa casa a beira- -mar, como a chuva não parava voltaram a Caraguatatuba. No dia seguinte, com o tempo ainda ruim e “ameaçado”, deixaram o carro na praia.
A comitiva foi por uma pequena trilha até o local e lá se espantaram com a construção ao pé da montanha, próximo ao rio que da o nome da praia: Era o Solar do velho engenho do Barão João Alves Silva Porto, uma das vinte fazendas de café que possuía.
Depois de levantar os dados sobre a localidade, a jornalista publicou uma página inteira, atraindo assim vários curiosos e especuladores para a região. A matéria fala sobre os seguintes temas: Primeira indústria, Os escravos e a desumanidade do Barão, Mudança de dono e fim da escravidão, E um pouco de folclore, Etnologia, Tesouros enterrados, Comércio de negros na Praia da Lagoinha, Um pouco de historia da região.


Visualizar Ruínas da Lagoinha em um mapa maior
A mais importante da matéria foi sobre outro aspecto, o de preocupação com a sobrevivência financeira e cultural da localidade, onde a autora escreve sobre a possibilidade das ruínas transformarem-se em atrações turística, cujo tema foi: Um futuro museu. Sobre este aspecto, a jornalista teceu elogios sobre o que viu e preocupações com o futuro deste patrimônio, situação hoje conhecida por todos. Mal ela sabia que se trata das diretrizes do Turismo Rural, que valoriza não só a atividade, mas toda a cadeia de desenvolvimento sócio-sustentavel, aquele que se compromete a trabalhar todo o processo de desenvolvimento, valorizando a propriedade, defendendo o meio ambiente e protegendo os patrimônios.

Na matéria autora relembra de uma visita que fez aos Estados Unidos em 1952, onde destaca o valor que os americanos dão aos seus patrimônios, referindo-se a qualquer “antiguidadezinha”, qualquer pequena obra na terra do Tio Sam. Segundo ela, imaginem se os americanos tivessem um patrimônio como asRuínas e a Praia da Lagoinha. Naquele ano, a jornalista foi visitar Epbrata, uma pequena cidade da Pensilvânia. Lá visitaram um pequeno convento, que foi transformado em um museu. Era só comprar um livreto que tinha tudo sobre a casinha.

A autora se refere a outros exemplos e reforça sua indignação sobre a falta de visão de futuro. “Enquanto isso se permite derrubar patrimônios, não damos a mínima para o litoral, cheia de preciosidades históricas, casarões coloniais e ruínas em meio à mata”, comentou a jornalista. Ela termina a matéria toda empolgada imaginando que realmente alguém no futuro poderá transformar a fazenda, ou aos menos as ruínas em atração turística num pólo de desenvolvimento que valorizaria o patrimônio histórico e as propriedades em seu entorno.

O tempo passou mais a preocupação continua. Todos querem uma melhor qualidade de vida e bem-estar, naquela época ninguém ouviu a jornalista. Hoje sabemos que o patrimônio histórico está desvalorizado, abandonado. Agora não sabemos sobre o futuro das propriedades, que se não adequarem às novas tendências ambientais e de responsabilidades sociais, até quando terão bom preço? Esperamos que por muitos anos.


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