TIA HELÔ - Heloisa Teixeira Salles
Heloísa Maria Salles Teixeira, mais conhecida como Tia Helô, é um pilar de sustentação das Artes Cênicas de Ubatuba. Com certeza, a pessoa que mais vivenciou o Teatro nesta cidade e que mais histórias tem para contar. Vinda de Lorena, em 1947, aos 18 anos, Helô, que até então não podia manifestar sues dotes artísticos como cantora, porque a avó proibia a exibição pública dessas manifestações, em nome dos bons costumes de uma moça de família, aqui trabalhou por uma ano na Coletoria do Estado.
No ano seguinte, decidiu seguir a profissão para a qual se formara e foi dar aulas em escolas distantes, locais chamados à época, de “roças” - Picinguaba era a mais distante. Ia até essas escolas, em barco de pesca ou no barco da ordem religiosa Assistência Litoral de Anchieta, comandada pelo padre alemão - que sofrera perseguições na cidade, ao final da 2a. Guerra, João Beil.
Em 1950, já lecionando no Grupo Escolar Dr. Esteves da Silva, Tia Helô e sua colega Madre Glória, criaram turmas de Coral, Teatro e Dança com os alunos da escola. Nos anos seguintes, manteve esse trabalho artístico escolar, sempre apresentando o resultado dele no antigo Cine-Teatro Iperoig (onde hoje funciona a sede administrativa da Fundart). Com esses grupos de teatro escolar, montava fábulas de La Fontaine, adaptações de livros infantis e criações de própria autoria.
Em 1982, os rumos do Teatro em Ubatuba mudaram: “Na época o Pedro Paulo era prefeito e foi ele quem trouxe para Ubatuba, o primeiro diretor profissional de Teatro, o Paulinho Yutaka. A Prefeitura dava estrutura e surgiram os primeiros grupos da cidade. Lembro-me muito bem do grupo Espalha. Esse grupo era muito bom.”
A partir disso, Tia Helô sempre esteve ligada aos grupos locais, integrando elencos ou trabalhando nos bastidores: “Montamos diversas peças da dramaturgia clássica - Lisístrata, Escola de Mulheres, O Avarento, Romeu e Julieta, O Noviço e A Farsa de Inês Pereira. Também textos de criação coletiva, como foi Um Burrinho Chamado Zé. Sempre existiam diretores de fora vindo trabalhar conosco. Tive a oportunidade de conhecer o trabalho de vários deles.”
Tia Helô conta ainda da tradição que Ubatuba tinha de receber espetáculos: “Minha sogra (Paula da Graça Teixeira, de família tradicionalmente de músicos - avó de Renato Teixeira) contava que, no início do século XX, sempre tinha companhias de Teatro se apresentando por aqui. Vinham do Rio de Janeiro, de navio.”
Na década de 1980, Tia Helô também trabalhou com rádio, num programa que se chamava “De Mulher pra Mulher”, onde dava conselhos femininos, dicas de saúde e estética. Além de atriz, professora e apresentadora é autora de muitos poemas conhecidos pelos ubatubanos. Do alto de seus 82 anos de idade, ela tem a resposta na ponta da língua, prá quem a chama de senhora: “Senhora é a comadre da sua madrinha!”
Justamente, o Teatro que está sendo construído em Ubatuba vai se chamar TIA HELÔ, com quem temos a alegria e o privilégio de conviver.
Matéria Publicada na Ubatuba em Revista de Novembro #10
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