PRIMEIRA DECADÊNCIA...
Depois dos primeiros dias de progresso e bem estar, levaram Ubatuba e todo Litoral Norte a dolorosa decadência de que nos falam nosso antepassados ?
Tudo corria bem; auras fagueiras sopravam a favor até que em 1787 o Capitão-General Bernardo José de Lorena, Presidente da Província de Lorena, Presidente da Província de São Paulo, determinou aos Capitães-Mores das vilas do Litoral que todas as embarcações que zarpassem de seus portos eram obrigadas a se dirigirem a santos, naquela época as Vilas do litoral Norte , entre elas Ubatuba vendiam suas mercadorias as outros portos do pais , principalmente ao Rio de janeiro, O capitão – General Bernardo José de Lorena ordenou que se examinasse a quantidade de açúcar que a vilas produzissem e seus preços, e, tanto por tanto, não deixe sair nenhum para o rio de janeiro,enquanto que houver que o queira desta Capitania ou para ir embarcar-se para a Europa no Porto de Santos....
A opressão que o faccioso Governador passou a exercer sobre as vilas do Litoral Norte proveio o fato da Vila de Santos, por esse tempo, nada produzir para se prover, nem ter o que exportar para a manutenção de seu comércio.
Nessa situação de penúria, Santos era abastecida pelas vila serra-acima, de onde, ainda por determinação do Governador, provinham em lombo de burros, por veredas quase intransitáveis, os gêneros de primeira necessidade produzidos no planalto..
A verdade era que Santos então fenecia, sem produção e sem comércio, as outras vilas litorâneas produziam e progrediam vendendo e levando seus produtos aos outros portos do país, principalmente ao do Rio de Janeiro, onde os preços obtidos eram bastante compensadores. Os interessados dessa região, evitavam dirgir-se a Santos com suas mercadorias, pois ali as ofertas de preços eram irrisórias de apenas 3 a 4 compradores, os quais combinados entre si ofereciam o mesmo e baixo preço pelas mercadorias e ao arrematarem a mesma dividiam entre si em partes iguais os produtos adquiridos...
Daí a justa razão pela qual , as embarcações de Ubatuba e de São Sebastião evitavam o Porto de Santos. Quando uma ou outra embarcação, dessas vilas ali paravam, procuravam apenas um abrigo em face de tempestades ou buscando de qualquer avaria ocorrida a bordo. Nunca com interesse comercial.
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Veio, porém, a proibição de Bernardo de Lorena: Todo comercio seria obrigatoriamente feito com o porto de santos, nenhum com o Rio de Janeiro ou qualquer outro. Alem de não poderem levar seus produtos, também não podiam negociá-los com embarcações que aqui viessem com esse fim.
Revoltados com a ordem de Bernardo de Lorena, nossos comerciantes infrigiam tanto quanto possível as absurdas determinações do Governo, fazendo com que Ubatuba passasse a gozar de má reputação e grande antipatia por parte das autoridades da Província.
Vários foram os abaixo-assinados do povo da vila eram dirigidos á Câmara que, por sua vez, os encaminhava ao Governador da Província, como fez em 1798, ao então Governador Antonio Manoel de Melo Castro de Mendonça, sucessor de Bernardo de Lorena, pedindo a revogação de tão opressora proibição, não suportando mais as determinações imposta, um profundo sentimento de rebeldia apoderou-se dela, que passou não mais acatar as ordens recebidas e a agir com plena independência nas suas decisões. Foi o Governador Martin Lopes Lobo Saldanha que maiores complicações criou para Ubatuba.
Certa vez dirigindo-se ao Vice – Rei Márquez do Lavradio agradecendo o envio de um prático que veio orientar a cultura do fumo na Província ,denunciou esta Vila e a Vila de São Sebastião como rebeldes. Com toda essa opressão, a diminuição do comércio tornou-se cada vez mais sensível , e as suplicas do povo desta Vila enviadas ao Governo tinham respostas com novas ordens, opressoras e vexatória.
Vendo que seus apelos não eram atendidos, que era ferrenha a intransigência do Governador, outra alternativa não restava aos nossos agricultores, que, num sublime gesto de altivez e sacrifício , deitaram fogo aos canaviais e desarmaram seus engenhos.
Afinal, com tanta opressão exercida pelos Governadores da Província, que levou os homens desta Vila de Ubatuba ao desalento e ao conseqüente abandono de suas maiores atividades, Ubatuba entrou em franca decadência, dedicando-se seus moradores ao cultivo de apenas o necessário à sobrevivência, desfazendo de suas embarcações, vendendo seus escravos, abandonado as fazendas, trancando os engenhos, reduzindo ao mínimo as suas produções, e, até, como já dissemos , ateando fogo aos seus canaviais.
DO LIVRO " UBATUBA - DOCUMENTÁRIO " - De Washington de Oliveira
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