quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A PAZ DE IEROIG - 1 º Tratado de Paz das Américas aconteceu aqui, em Ubatuba -SP


Firmava-se a colonização portuguesa no Sul do Brasil, os franceses calvinistas, fugindo a perseguição religiosa que contra eles se fazia em seu pais, partiram de Havre com destino ao Brasil, com apoio de entre outros , o do Rei da França Henrique II, e , novembro de 1555 entraram na baia da Guanabara, com a declarada intenção de instalarem ali uma colônia francesa – A França Antártica.



Dado o ódio incontido que os tupinambás com relação aos portugueses , os quais em busca de mão de obra escrava caçava os indígenas na região próxima de São Vicente, os tupinambás já articulado na Confederação dos Tamoio, a qual reuniu todas as tribos , todas unidas a combater um só inimigo, os portugueses, fácil foi para os franceses alienarem-se a eles e depois de instalados e fortificados no interior da baia, passaram os franceses a instruir os indígenas, armando eles com armas de fogo e outros instrumentos bélicos , os quais os índios passaram a manejar com rara habilidade.
Até então poucos eram os ataques dos tamoio contra São Vicente e a São Paulo, agora instigados pelos franceses, muito mais freqüentes e ferozes eram os ataques indígena contra os portugueses, causando grandes prejuízos as colônias portuguesas.
Foi quando os colonizadores foram alertados pelos jesuítas, entenderam q. não bastava defender o reduto português, treinar guerreiros para conta ataques e nem erguer paliçadas como meio de barragem, Concluíram Nóbrega e Anchieta que mais importante era trazerem os tamoio ao seu convívio, fazendo compreender a missão que trouxera – os missionários - ao Novo Mundo, e estabelecer com eles uma paz, firme e duradoura, que fosse benéfica para ambas as partes.
Assim se realizou uma viagem até a Aldeia de Iperoig ( hoje Ubatuba), e dois barcos sobre o comando do genovês José Adorno e partindo de São Vicente a 21 de abril de 1563, os jesuítas Nóbrega e Anchieta com uma pequena comitiva aqui chegaram a 4 de maio.
Quando os viajantes aqui chegaram, foram recebidos por inúmeros índios, os quais agrupados mostravam visível inquietação, viram se de repente cercados por um grande número de canoas, transportando índios em atitudes, como que se estivessem querendo impedir o desembarque deles nas areais da praia de Iperoig ( hoje praia do Cruzeiro). Mas a surpresa dos portugueses foi grande ao serem recebidos por índios atônitos , com tanta audácia, subjulgados pela venerável presença de Anchieta o qual , de pé , na proa da embarcação, lhe dirigia palavras ternas e pacificadoras, proferidas no idioma tupi.
Todavia, cautelosos, porque todo um passado de luta e animosidade teria transformados os índios em inimigos rancorosos, os jesuítas só desembarcaram 3 dias depois da chegada a praia de Iperoig. Logo ao descerem a praia, disseram eles os jesuítas que tinha vindo em paz, como amigos, para ensinarem a fé cristã, a fim de receberem e merecerem as bênçãos e a proteção de Deus. Essas palavras e os objetos que José Adorno lhes dera de presente amainaram a fúria tamoia e foi possível aos padres, abaré , como eram conhecidos entre os índios – iniciar as conversações de paz, que os índios receberam com um certo descaso, pois os tamoio tinha ódio pelos portugueses e por seus irmão tupiniquins de Itanhaem, os quais tinham traídos os tamoio ao se aliarem aos colonizadores.
Nas conversações, eles os tamoio tinha deixado parecer que queriam grandes vantagens em continuar a guerrear contra os colonizadores portugueses, pois tinha um grande número de guerreiros reunidos, após a recém formada Confederação e contavam também com um farto material bélico oferecido pelos franceses, estes interessados no extermínio da colonização portuguesa. Mesmo assim, os índios tamoio concordaram em manter negociações em torno das propostas que lhe faziam os jesuítas, retendo aqui Nóbrega e Anchieta, fizeram José Adorno voltar a São Vicente , levando consigo 10 jovens tamoio, que depois iriam verificar se estes seriam recebidos de forma cordial ou hostil – da veracidade que lhe vieram propor os abares jesuítas.
Ao mesmo tempo fizeram seguir em viagem para os lados da Guanabara, cinco tamoio, esses com a difícil missão de expor e combinar com os morubixabas daquela região, aliados dos franceses, a trégua proposta pelos padres.

No decorrer desses acontecimentos, os padres já se sentiam um tanto tranqüilos e menos temerosos com a recepção oferecida por Coaquira, um dos chefes tamoio dessa região, enternecido com as narrativas de uma índia, a qual estivera prisioneira e fugira da Vila de São Vicente, lá conhecendo o diferente procedimento e a generosa bondade dos jesuítas.
Coaquira os amparou e recomendou para eles respeito e confiança, ordenou que os tamoio ajudassem os padres a levantarem uma rústica e pequena Igreja, no mesmo local onde talvez não contrariando a lenda, encontra-se hoje o Cruzeiro, em frente a praia, onde aos sete de maio, segundo Celso Vieira, ou, aos nove do dito mês na citação de Simeão de Vasconcelos, abençoaram a terra ubatubense, celebrando aqui, pela primeira vez o santo sacrifício da Missa, com a presença dos índios , estes espantados e inquietos.
Daí em diante, os índios mostraram aos jesuítas sua irreverência durante a missa, Sempre inquietos , esses andavam de um lado pro outro, aproximavam-se do altar, querendo sempre tocar os objetos sagrados, fazendo assim com que os padres transferissem a realização dos seus ofícios para a madrugada, sem que, mesmo assim conseguissem fugir da curiosidade e intromissão dos silvícolas.


Texto Condensado do Livro UBATUBA - DOCUMENTÁRIO de Washington de Oliveira

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