No dia 23 de maio chega a Aldeia de Iperoig duas canoas e com elas vinha Pindobuçu ( Grande Palma), também chefe de tribo e irmão de Coaquira, este, hospedeiro dos padres, e que estava ausente na ocasião.
Acontece que Pindobuçu era co-proprietário da casa e ordenou que os padres a deixassem.
Em 27 de maio chegou com surpresa a Iperoig, vindo do Rio de janeiro, um grupo de canoas trazendo Aimberé, um dos mais valentes e rancorosos inimigos dos portugueses , vinha com o firme propósito de matar e saciar seu ódio, num bestial festim regado a sangue, sangue este dos mensageiros católicos.
Chegando a Iperoig, Aimberé foi ao encontro de Nóbrega e Anchieta que se encontravam a sós dado ao fato que seus amigos , seus protetores, andavam a caça , embrenhados na mata, deixando os indefesos na povoação.
Todos os argumentos de paz evocados com humildade pelos abares foram recebidos com desdém pelo rancoroso tupinambá, relembrando ter sido ele próprio ter sido prisioneiro dos portugueses, sendo humilhado e ter realizado uma fuga heróica, não acredita assim na sinceridade das palavras dos abares.
Acontece, porem , que Aimberé era sogro de um corsário francês, e seu genro, encontrando-se em viagem com os barcos de José Adorno, teve com esse uma boa conversa, ficando assim a apr dos acontecimentos.
Assim informado e esclarecido, mandou recado a seu sogro, recomendando não pertubar a paz nas negociações e nenhum mal, portanto fizesse aos jesuítas.
Temiam ainda os padres por suas vidas, quando chegaram a Iperoig alguns tripulantes do barco de José Adorno confirmando a notícia do perfeito entendimento entre este e o genro de Aimberé, e o recado de paz que, do genro, traziam para o sogro.
Sem jeito, desconcertado no seu intento, Aimberé afastou-se triste, mas sem renunciar de todo o seu propósito vingativo.
Após este fato, outros dias angustiosos viveram Anchieta e Nóbrega, sempre ameaçados, enxovalhados, provocados pelos índios instigados pelos “mair”, denominação pela qual era conhecida os franceses.
Contudo, quase sempre no último instante, valia-lhe a intervenção salvadora e protetora de Pindobuçu, que com sua austera presença fazia diminuir os instintos dos aborígines.
No dia 9 de julho, caminhavam os jesuítas pela orla da praia, quando viram chegar uma canoa procedente do rio de Janeiro, conhecendo a ameaça q. Representava aquela embarcação, trataram de refugiar-se na Taba de Pindobuçu, com dificuldade no caminhar de Nóbrega, o qual estava meio adoentado e cansado pela idade avançada, conseguiram c/ muitas dificuldades chegar à extremidade norte da praia,a s margens do Rio Grande ou da Barra) que separa do Morro do padre ou do Matarazzo, onde se encontrava a taba do cacique amigo e protetor.
Mesmo conseguindo com muitas dificuldades transpor o rio, tirando e torcendo a roupa molhada, Nóbrega arrasta-se morro acima, sempre auxiliado pelo seu fiel discípulo, mas sem tempo de alcançar a taba amiga. Em volto de um infernal alarido, os índios correm em direção aos padres. Os padres se escondem atrás de um copado tufo de vegetação até que a turba passasse e se distanciasse.
Deixando depois o esconderijo continuam a jornada até o alto do morro, onde em desespero, souberam da ausência de seu amigo Pindobuçu.
Ocultaram-se novamente em uma das choças, mas não demorou para que os índios cercasse eles e entre eles Parabuçu, feroz, ameaçador, mas que, por felicidade era filho de Pindobuçu.
Depois de sérias ameaças e longa conversação, Paranabuçu acabou por reconhecer a inocência dos jesuítas e assegurou-lhes respeito e segurança.
Mais uma vez Pindobuçu lamentou o ocorrido com os jesuítas.
Textos condensado do Livro UBATUBA DOCUMENTÁRIO, de Washington de Oliveira
Textos condensado do Livro UBATUBA DOCUMENTÁRIO, de Washington de Oliveira
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