Quando a alta noite são surpreendidos com a visita de Cunhambebe , o qual veio oferecer aos padres uma outra cabana, mais segura, no seu acampamento não longe dali, onde estariam a salvo de qualquer perigo ou surpresa.
Cunhambebe era alto, forte, feroz e destemido, ele era o chefe supremo das tribos tupinambás, agora confederadas na grande nação guerreira Tamoia, para vingança contra os portugueses.
Levando os a sua aldeia, Cunhambebe ordenou a mais ampla proteção aos jesuítas, inclusive mandou que fosse reconstruída e ampliasse, a pequena igreja.
Ao final de oito dias regressaram de Bertioga e São Vicente os silvícolas que haviam acompanhado o navegador José Adorno, trazendo boas notícias e a segurança do bom entendimento e de inabalável paz entre tamoios e pêros.
Reinavam assim momentos de paz e satisfação quando, no dia 20 de junho surge uma nau veleira que vinha resgatar os missionários, antes até do final do cumprimento da missão e retornavam para resgatar os missionários. Mas desta vez ainda, os silvícolas desconfiaram. Concordavam com o regresso de Nóbrega, mas Anchieta aqui permaneceria.
Resignado e na ânsia de verem atendidos seus propósitos de paz Nóbrega, resignadamente acompanhou Cunhambebe , deixando aqui em Iperoig seu fiel companheiro José de Anchieta.
Anchieta aqui ficou sozinho, ficou sofrendo, a partir de então passou pelas maiores provações: de isolamento, caminhando sozinho, dormia ao relento, raramente encontrava e comia uma fruta,, uma raiz e até um pedaço de carne mal assada, passou frio, sofreu várias ameaças de ser levado à sacrifício pelos tupinambás, perseguido pelas índias, por várias vezes viu seu voto de castidade a prova, sequiosas por satisfazerem a sede de um amor supostamente diferente, com um homem de raça diferente...
E assim torturado no corpo e na alma. Anchieta dedicava inteiramente à Virgem Santíssima, suplicando sempre maternal proteção, escrevia em seu louvor um poema relatando todo seu martírio e seu agradecimento.
No cumprimento de sua promessa caminhava pela praia de Iperoig, e, mentalmente ia compondo em latim doces versos, cujas chaves escrevia sobre a areia, para decorá-los, a fim de mais tarde transladá-los para o papel.; Caminhando a beira mar, conta a lenda que passarinhos esvoaçavam em seu redor, pousando-lhe nos ombros, seria eles a bênçãos do céu, portadores de mensagens de fé e de segurança.
A 14 de agosto, dando mostra de grande satisfação, Cunhambebe regressou de São Vicente, desta vez portador da mais perfeita, e segura paz entre eles, tamoios e pêros, os portugueses.
Com isso Anchieta ficou feliz, pois logo, logo poderia voltar a viver com seus irmãos civilizados, falando a Cunhambebe nesse sentido.
Mas Cunhambebe, mesmo tendo grande afeto pelo padre, apesar de estar feliz com o resultado da paz alcançada , ainda estava inseguro, antes de libertar Anchieta ele foi ouvir seus guerreiros de sua nação. Estes porém , já apaziguados, não mais s e opunham ao regresso do Anchieta , que , a 14 de setembro de 1563, no dia da Exaltação da Santa Cruz , depois de presenciar junto ao Cruzeiro cerimonioso ritual pagão, demonstrativo de amizade e paz, foi autorizado a tomar a canoa, na qual o próprio Cunhambebe o levaria de volta a São Vicente.. Mal chegando a Ilha dos Porcos ( Ilha Anchieta), na primeira escala, encontraram lá tripulantes de outra embarcação da Guanabara, transmitindo notícias caluniosas a Cunhambebe, a quais não acreditou, e partiu em seguida, em prosseguimento, na viagem de libertação. Ao ver ao longe, na brancura da praia as últimas choças tamoias, orando ainda, plenamente feliz, agradeceu aos Céus pelo milagre alcançado em poder realizar a Paz entre os tupinambás e os portugueses, a Paz de Iperoig, a qual fez com fosse assegurada a expulsão dos franceses da Guanabara (Rio de Janeiro) , assim não vingaria a colonização franco-calvinista, que dividiria ao meio a terra brasileira , e com isso estaria assegurada a integridade imensa de nossa pátria, pelo idioma, pela raça e pela fé.
Essa tarefa estaria reservada a Mem de Sá, para isso designando seu sobrinho Estácio de Sá, que, partindo da Bahia, navegou com destino ao Rio de Janeiro, onde, verificando ter necessidade de maiores recursos, veio buscá-los justamente em São Vicente.
Reforçado em homens e equipamentos, desembarcou no final de fevereiro de 1565 próximo ao Pão de Açúcar , lançando ali as base da cidade maravilhosa. Longos dias de luta se suscederam até que a 20 de janeiro de 1567, no dia do padroeiro da cidade, os portugueses reforçados com a presença em pessoa do Governador Mem de Sá, num último ataque contra os franceses, a qual custou inúmeras baixas entre os portugueses, inclusive, a de Estácio de Sá, obtiveram os portugueses uma grandiosa e decisiva vitória, completando assim pelas armas o que Anchieta nas areias de Iperoig iniciará com o coração.
Texto copilado do Livro UBATUBA DOCUMENTÁRIO - de Washington de Oliveira
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