Após as rituais obrigações, os jesuítas voltavam-se os sacerdotes para outros múltiplos afazeres, em praticas evangelizadoras e na conquista da maior confiança dos índios. Falavam-lhe do nosso DEUS, que recompensa os bons e castiga os maus; doutrinavam crianças; batizavam ; ministravam rudimentares conhecimentos de higiene e recato; procuravam atenuar os males físicos , aconselhando meios de salvaguarda e curando-lhes ferimentos diversos.
Mesmo assim os padres apesar de tanta dedicação para com os índios, pesava-lhes a todo instante o medo de serem sacrificados, sempre quando estes preparavam seus rituais, suas festas, nas quais sacrificavam seus inimigos.
Não bastavam esses temores de uma morte próxima eles os jesuítas enfrentavam também os mais violentos ataques aos seus votos de castidade. Não bastasse a total nudez em que viviam os tamoio, era freqüente a qualquer instante, à sombra das árvores , á margens das cachoeiras, sobre o areal da praia, casais entregues a luxúria e ao amor.
Ao cair das noites, o interior das ocas, á luz dos braseiros, belas raparigas, no frescor da juventude, filhas ou irmãs dos chefes ou maiorais da tribo, mandadas por eles, vinham postar-se ao lado dos padres em atitudes provocantes. Maneirosamente despedindo suas visitantes, fugiam os torturados missionários para o negror da noite, onde oravam e martirizavam seus corpos em penitência de pecados não cometidos. Os tamoio por sua vez não compreendiam a repulsa de Nóbrega e Anchieta ao maior prazer dos homens e riam quando estes tentavam fazer eles compreender os votos de castidade e celibato, feitos por eles jesuítas ao ingressarem na vida sarcedotal.
O DIFICIL ENCONTRO COM PINDOBUÇU E AIMBERÉ...
No dia 23 de maio chega a Aldeia de Iperoig duas canoas e com elas vinha Pindobuçu ( Grande Palma), também chefe de tribo e irmão de Coaquira, este, hospedeiro dos padres, e que estava ausente na ocasião.
Acontece que Pindobuçu era co-proprietário da casa e ordenou que os padres a deixassem.
Em 27 de maio chegou com surpresa a Iperoig, vindo do Rio de janeiro, um grupo de canoas trazendo Aimberé, um dos mais valentes e rancorosos inimigos dos portugueses , vinha com o firme propósito de matar e saciar seu ódio, num bestial festim regado a sangue, sangue este dos mensageiros católicos.
Chegando a Iperoig, Aimberé foi ao encontro de Nóbrega e Anchieta que se encontravam a sós dado ao fato que seus amigos , seus protetores, andavam a caça , embrenhados na mata, deixando os indefesos na povoação.
Todos os argumentos de paz evocados com humildade pelos abares foram recebidos com desdém pelo rancoroso tupinambá, relembrando ter sido ele próprio ter sido prisioneiro dos portugueses, sendo humilhado e ter realizado uma fuga heróica, não acredita assim na sinceridade das palavras dos abares.
Acontece, porem , que Aimberé era sogro de um corsário francês, e seu genro, encontrando-se em viagem com os barcos de José Adorno, teve com esse uma boa conversa, ficando assim a apr dos acontecimentos.
Assim informado e esclarecido, mandou recado a seu sogro, recomendando não pertubar a paz nas negociações e nenhum mal, portanto fizesse aos jesuítas.
Temiam ainda os padres por suas vidas, quando chegaram a Iperoig alguns tripulantes do barco de José Adorno confirmando a notícia do perfeito entendimento entre este e o genro de Aimberé, e o recado de paz que, do genro, traziam para o sogro.
Sem jeito, desconcertado no seu intento, Aimberé afastou-se triste, mas sem renunciar de todo o seu propósito vingativo.
Após este fato, outros dias angustiosos viveram Anchieta e Nóbrega, sempre ameaçados, enxovalhados, provocados pelos índios instigados pelos “mair”, denominação pela qual era conhecida os franceses.
Contudo, quase sempre no último instante, valia-lhe a intervenção salvadora e protetora de Pindobuçu, que com sua austera presença fazia diminuir os instintos dos aborígines.
No dia 9 de julho, caminhavam os jesuítas pela orla da praia, quando viram chegar uma canoa procedente do rio de Janeiro, conhecendo a ameaça q. Representava aquela embarcação, trataram de refugiar-se na Taba de Pindobuçu, com dificuldade no caminhar de Nóbrega, o qual estava meio adoentado e cansado pela idade avançada, conseguiram c/ muitas dificuldades chegar à extremidade norte da praia,a s margens do Rio Grande ou da Barra) que separa do Morro do padre ou do Matarazzo, onde se encontrava a taba do cacique amigo e protetor.
Mesmo conseguindo com muitas dificuldades transpor o rio, tirando e torcendo a roupa molhada, Nóbrega arrasta-se morro acima, sempre auxiliado pelo seu fiel discípulo, mas sem tempo de alcançar a taba amiga. Em volto de um infernal alarido, os índios correm em direção aos padres. Os padres se escondem atrás de um copado tufo de vegetação até que a turba passasse e se distanciasse.
Deixando depois o esconderijo continuam a jornada até o alto do morro, onde em desespero, souberam da ausência de seu amigo Pindobuçu.
Ocultaram-se novamente em uma das choças, mas não demorou para que os índios cercasse eles e entre eles Parabuçu, feroz, ameaçador, mas que, por felicidade eeeera filho de Pindobuçu.
Depois de sérias ameaças e longa conversação, Paranabuçu acabou por reconhecer a inocência dos jesuítas e assegurou-lhes respeito e segurança.
Mais uma vez Pindobuçu lamentou o ocorrido com os jesuítas.
Texto tirado em resumo do Livro UBATUBA - DOCUMENTÁRIO , de Washington de Oliveira
Imagens de arquivo/
Portal São Francisco- ilustrativa
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