segunda-feira, 19 de julho de 2010

UBATUBA 2001.....Nau Capitânia visita Ubatuba





A Nau Capitânia, réplica da embarcação que trouxe Cabral ao Brasil, foi construída com o intuito de trazer a memória viva de nossas raízes através do grande oceano para todo o país e exterior. O grande navio-museu tem desbravado terras por ele ainda desconhecidas para levar a história a todos que o solicitam. 




O seu desing perfeito do século XVI nos faz vivenciar uma época que só o coração, a alma e os antigos escritos são possíveis reconstituir... Porém, para esta possível viagem ao passado tornar-se realidade foi necessário fundir o ar rústico e glamuroso das grandes e antigas naus com a tecnologia do mundo. Sendo assim, sua estrutura é dotada de elementos como madeira moldada e fibra de vidro, dois motores MTU a diesel com 280 HP cada (que permitem atingir velocidade máxima de 12 nós), navegação e comunicação de última geração, aparelho vélico completo, comando hidráulico do leme, equipamento de salvamento e controle de avarias, cozinha completa com forno, geladeira e freezer, refeitório, banheiros com chuveiros elétricos e ar-condicionado central em todos os compartimentos de acomodação.
A embarcação desloca 151 toneladas, tem calado de 3,40 m, 24 m de casco (28 m com cevadeira), 8 m de boca, castelo de popa com 9 m de linha d´água e mastro principal de 26 m. Este fascinante museu intinerante, único do seu tipo no mundo, participa de todos os eventos comemorativos, quando solicitado através do endereço eletrônico: naucapitania@alameda.art.br. Além de ser uma atração turístico-cultural ela também detém um grande apelo educacional. Assim cada grupo de visitação recebe uma atenção especial onde crianças de até 5 anos e alunos de escolas públicas têm acesso gratuito (uniformizados ou portando a respectiva carteira de estudante); estudantes em geral, portando a respectiva carteira, e pessoas acima de 65 anos pagam 50% do valor do ingresso.
Mas não é com a finalidade de visitação que esta ilustre embarcação encontra-se em nossa cidade e sim para a gravação de cenas do longa metragem do produtor e diretor Alan Frenot do filme “Desmundo”. Para isso, a Nau Capitânia sofreu o processo de adaptação cinematográfica para que fosse possível dar “realidade” a cenas que se passam no século XVI.
Quem sabe as nossas autoridades não convidem a tão famosa nau para participar da próxima procissão da festa de São Pedro Pescador assim todos poderíamos visitá-la e ainda seríamos alvo da impressa escrita e televisiva. Para os que só puderam apreciar a arquitetura náutica do lado de fora, deixamos aqui a carta de recepção fixada na entrada da embarcação, onde a própria nau revela suas dificuldades, sonhos, idealismo e conquistas.
Carta Aberta ao visitante:
Prezado(a) visitante,
Nem sempre as grandes idéias são aceitas de imediato. Quase nunca merecem justiça num primeiro momento.
Eu sou uma grande idéia e hoje, realizada, estou guardada por marinheiros heróicos. Muitas vezes mereci críticas de quem nunca me viu e nada soube de mim. Até criaram verdades pra que me fossem atribuídas. Quiseram mesmo transferir outros fracassos para o meu corpo. Permaneci silenciosa, certa de que chegaria finalmente o momento em que eu poderia singrar todos os mares que Deus criou, levando a bordo a história do país maravilhoso que ajudei a descobrir.
Renasci desses 500 anos em que me mantive apenas na lembrança dos homens do mar. Eles me devolveram à vida para os próximos cem anos, porque me dotaram de tudo que o mundo aprendeu de moderno desde então. Hoje, posso navegar pelas mãos do velho amigo vento, e do motor, esse novo amigo de nome engraçado. Antes, me deixava guiar apenas pela astúcia dos marinheiros e seus instrumentos rudimentares. Agora, estou equipada de estrovengas fabulosas como radar, satélite, leme hidráulico... Imagino o que o meu querido Cabral pensaria e faria de posse dessas coisas! Teríamos revirado o mundo.
Resolvi lhe enviar esta pequena carta só para dizer que estou mais bela do que nunca. Finalmente, poderei cumprir minha missão original de me transformar em museu flutuante e visitar todos os portos do Brasil. E do mundo. Quero receber os brasileiros com carinho e contar-lhes um pouco da sua história. Estou chegando devagarinho, como deve ser. Não guardo rancores e nem raivas, até porque estou muito ocupada para me preocupa com coisas menores.
Os marinheiros heróicos que me acolheram têm tantos planos para mim que só posso me sentir lisonjeada. Eles me contaram que serei espaço destinado a projetos educacionais, culturais, artísticos, turísticos, ecológicos e até de cunho social. E que também serei território das crianças. Quer saber mesmo? Estou feliz demais. Com respeito histórico, Nau Capitânia, réplica



FONTE : Jornal A Semana

Publicação Semanal - Edição 134 - Ubatuba, 02 de junho de 2001

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