sexta-feira, 23 de abril de 2010

REBELIÃO DA ILHA ANCHIETA " O trauma de um sobrevivente "

Sargento Chagas, relembra a rebelião de 1952






“É o tempo passou. Eu era moço numa época em que a ilha ainda era um paraíso; passei dias de sufoco nesse lugar que julgava ser o melhor lugar para se morar e que se transformou em um filme de terror em poucas horas. Com a graça de Deus, me livrei de três tentativas de morte. A primeira foi quando umas oito e pouco da manha, um tiro de fuzil foi disparado sobre a minha direção e não acertou, o medo somava em saber que muitas famílias estavam assustadas. A adrenalina aumentava, quando pela segunda vez, um prisioneiro colocou o fuzil em minhas costas e ordenou que levasse até a casa do tenente Edvaldo Silva, chegando em frente, eu o implorava para que ele se rendesse ou se não muitos inocentes iriam morrer… até que ele saiu e se entregou, e os presos nos colocaram em uma cela, onde imaginamos que ficaríamos até que o socorro chegasse. Mas no meio do caminho um outro preso do qual não recordo o nome, colocou a arma em meu ouvido direito. Imaginei “vou morrer agora”, pois doía muito minha cabeça, ordenava que eu tirasse a farda, porque ele não conseguiria fugir com aqueles trajes. Fiquei só de cueca dentro da cela até que me arrumaram uma calça. Esses momentos de pânico estão guardado aqui dentro como se fosse um filme, que lembro sempre ou um disco que não muda de faixa nunca, mas o que realmente fiquei aterrorizado, foi quando depois de livre, meus companheiros de serviço estavam mortos e alinhados na frente da administração.”

Quem conta essa história é o senhor José Salomão das Chagas, sargento reformado da polícia militar. Sendo um dos monitores sobreviventes da Ilha Anchieta.




FONTE >  http://rumosjc47.blog.terra.com.br/

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