quinta-feira, 22 de abril de 2010

PREFEITOS DE UBATUBA - 1908 A 2005

Na administração da Prefeitura Municipal, foram muitos os governos e de diferentes pensamentos com relação ao destino da antiga vila, agora cidade e comarca de Ubatuba. Como já citamos, o primeiro prefeito a governar Ubatuba fora Ernesto Gomes de Oliveira, pai de Washington de Oliveira, entre os anos de 1908 a 1913. Outros nomes como José Fileto da Rocha, Manoel Bernardo de Amorim, Benedito Felipe Fernandes, João Xavier Teixeira, logo substituído por Aristides Bonifácio Garcia. Estes foram os primeiros homens que até 1930 tiveram a oportunidade de tentar mudar os primeiros rumos da cidade quando ela ainda engatinhava numa divisão administrativa e como autonomia municipal. Destacamos já nos anos 30 a administração de Washington de Oliveira – seu Filhinho (1936 a 1938 e nove meses em 1952). Outros governos municipais dos últimos 50 anos de Ubatuba foram: José Alberto dos Santos (1956 a 1959), .... (1960 a 1963,) Francisco Matarazzo Subrinho (1964 a 1969), Celso Teixeira Leite (1970 a 1973), Basílio de Moraes Cavalheiro Filho (1973 a 1976) José Nélio de Carvalho (1977 a 1980 e 1989 a 1992), Benedito Rodrigues Pereira Filho (1981 a 1982), Pedro Paulo Teixeira Pinto (1983 a 1988), Paulo Ramos de Oliveira (1991 a 1994 e 2001 a 2004), Luiz Euclides Vigneron (1997 a 2000) e o atual Eduardo de Souza César (2005).


Entre os anos de 1964 a 1969, um nome em destaque no cenário brasileiro, principalmente no cenário paulista, que nunca havia participado da vida política, viria a ser um personagem importante na história de Ubatuba. Francisco Matarazzo Sobrinho, mais conhecido nacionalmente como Cicillo Matarazzo, empresário das Indústrias Matarazzo. O homem escolhido pelas forças políticas da época elegeu-se pelo Partido Social Progressista (PSP), em uma tentativa de tirar a esquecida Ubatuba da estagnação que se encontrava.

Seu período de governo ficou conhecido como “40 anos em 4 anos”, pois fez muito pela cidade e para que ela também se tornasse ainda mais conhecida no Brasil e até no exterior. Por ser um homem muito viajado já sabia do potencial da futura economia mundial, o Turismo. Sendo assim, tratou logo de colocar Ubatuba no caminho do desenvolvimento deste potencial, sabendo ele que a cidade com suas belezas naturais e seus atrativos turísticos seria logo alavancada ao sucesso e novamente, ao progresso.

Sua colaboração para isso seria dando as condições necessárias a este desenvolvimento, descentralizando as decisões. Conseguiu o primeiro asfalto da estrada que liga Ubatuba a São Luiz do Paraitinga; abriu a estrada Rio Escuro ao Monte Valério; ampliou o aeroporto Gastão Madeira; fez a primeira rede de esgoto no centro da cidade; construiu o belo coreto da Praça da Matriz; tratou logo de dar fim aos borrachudos trazendo os carros de fumacê para combatê-los. Ainda, pensando na população ubatubense, modernizou a burocracia para melhor atendê-los, ganhando a Prefeitura uma nova estrutura, sendo a primeira sede própria (hoje, atual Biblioteca Municipal); o código tributário e de obras foram implantados; também regularizou a lei do funcionalismo público; deu incentivos à educação municipal; e hoje o conhecido estádio municipal que leva o seu nome, no Perequê Açu, foi ele que deu início em suas obras.

Cicillo Matarazzo era apaixonado pela cidade de Ubatuba, veio aqui encontrar o sossego que só os ares e belezas da cidade poderia lhe proporcionar. Em um trecho de uma carta enviada ao então vereador e a quem considerava grande amigo Washington de Oliveira, o "Seu Filhinho", escrita no dia 09 de junho de 1964, Francisco Matarazzo Sobrinho dizia: “ ...Como o amigo sabe, aceitei o cargo de Prefeito Municipal apenas por amor a Ubatuba, terra onde pretendo, se Deus quiser, ver passar a minha velhice...”. Tanto que, quando estava em Ubatuba, sua residência era no Morro da Prainha, hoje chamada de praia do Matarazzo por este motivo.

Como em toda história da política, seja ela de nível nacional, até municipal, não poderia ser diferente em Ubatuba, e isso a longa história política da cidade muitas vezes se repetiu e continua se repetindo. Sendo assim, Matarazzo teve suas crises políticas passando por dois processos administrativos e conflitos dentro da Câmara Municipal, tendo assim alguns desafetos e desentendimentos de compatibilidade de idéias. Aqui, mostramos mais um trecho de sua carta citada acima, num desabafo ao amigo Filhinho: “...não obstante algumas divergências com a Câmara Municipal, divergências das quais penso que a responsabilidade cabe mais a mim do que à Câmara. Espero, daqui por diante, conhecendo melhor o pensamento dos senhores vereadores, fazer com que eles também compreendam melhor os meus objetivos, para que as divergências desapareçam e surja um esforço conjunto que venha a beneficiar ainda mais o povo ubatubense.”.

Mas, Francisco Matarazzo Sobrinho saiu-se dos dois processo de cassação (Impeachment) sem nada dever, mantendo-o à frente da Prefeitura. Em 1967, atendendo ao seu pedido de afastamento do executivo por dois meses alegando desgaste político, não deixando de buscar recursos a Ubatuba enquanto estava fora, o Presidente da Câmara, Fiovo Fredianni, assegurou com grande êxito durante os dois meses do afastamento de Matarazzo. Voltando à frente do comando no executivo, e terminando por vez os desentendimentos com o Legislativo, Cicillo Matarazo volta com novo fôlego, trazendo mais progresso a cidade de Ubatuba. Em mais um trecho de sua carta, fica bem claro o interesse que Matarazzo tinha e ver Ubatuba progredir principalmente como um grande potencial turístico que é: “...de organizar e manter dinâmico um plano diretor que oriente e discipline o crescimento harmônico da cidade; de criar condições para o aproveitamento racional e saudável das nossas belíssimas praias, fazendo de Ubatuba o centro turístico que o Estado de São Paulo ainda não possui...”. Foram mais estradas municipais abertas, trazendo mais força ainda ao investimento para o desenvolvimento do turismo.

Ao término de seu mandato, cumprindo o desafio de governar Ubatuba, volta a São Paulo, cidade onde se fez crescer como grande administrador de várias empresas e também, ajudou a dar novos ares, principalmente a artes, fundando o Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 1946 e a Bienal de São Paulo, que a presidiu até a sua morte em 1977.

(Fontes: Jornal de Bolso - Ano 2 - nº 12 - Junho de 1998 - Comunicação Versátil - http://www.ubaweb.com/ubatuba/personagens/index.php)

MATÉRIA EXTRAIDA DO LIVRO
Ubatuba, espaço, memoria e cultura"
Editado em 2005
Por Juan Drouguett e Jorge Otavio Fonseca

Nenhum comentário: