Foto: © Luiz Felipe Azevedo
Estamos em 1959, e apenas alguns privilegiados brasileiros já conheciam o Hawaii, ou mesmo o nome Duke Kahanamoku, o grande campeão e divulgador do surf moderno. Nesta época, o Rio de Janeiro já recebia os primeiros surfistas com pranchas de madeirit cortando suas ondas e Santos tinha muitas pranchas, mas apenas jacarés, como eram chamadas aquelas pranchas com o bico virado para cima e com abertura lateral para segurá-las. E é nessa mesma ocasião que a verdadeira história do surf em Ubatuba tem sua origem.
Só os mais antigos ubatubenses se lembram de como eram nossas praias há mais de 35 anos. Muito mato, estradas ainda precárias, pouquíssima ou quase nenhuma infra-estrutura, energia elétrica sempre em falta, assim como diversos itens básicos. A praia da Enseada possuía salgas e as traineiras costumavam descarregar cardumes de cações ali mesmo na praia. Ir à praia Grande, hoje a mais popular da região, era uma aventura perigosa, pois além de possuir difícil acesso era considerada mal-assombrada.
Mas, alguns são realmente mais destemidos do que outros. E um destes foi João Jaschke, o conhecido alemão do canto esquerdo da Enseada e profundo amante do mar. Seu filho, Rheiny, já conhecedor do mundo do surf, convenceu o bravo João a comprar a primeira prancha de surf de Ubatuba, uma Glaspac MK2. Então, Rheiny Jaschke, com seu amigo Roberto Ferrari (considerado o "desconhecido" pai do surf da região), foram os primeiros a surfar em Ubatuba nesta época.
A partir do começo dos anos 60, os então moleques, que até ali só queriam saber de taco, futebol e de brincar de carrinho na areia, passaram a disputar a tapa a vez, apenas para ficar remando na parte rasa e mansa da praia. Algumas dessas crianças, que enfrentavam com suas famílias mais de seis horas de estrada no trecho São Paulo - Ubatuba, apenas para poder usufruir o enorme prazer de estar em Ubatuba, acabaram por divulgar e introduzir em definitivo o surf em Ubatuba (os irmãos Paulo e Ricardo Issa).
A moda se espalhou, e durante esta década começaram a surgir várias pranchas e surfistas por aqui. Dú Neumann foi um destes precursores, tanto que foi o primeiro a se mudar para Ubatuba por causa do surf, já na década de 70 (leia-se Construtora Litoral).
Neste período, uma geração inteira de jovens surfistas fanáticos já transitava por aqui. Adolescentes como Zé Maria Morgadi, Mário Macedo, Bruno Broggi, Luiz Felipe Azevedo, Jean Claude e Pierre Progin se juntavam aos "mais velhos", como Bruzzi, Kako, Willy, Paulo e Ricardo Issa, Carlão e Ricardo Petrarca, Maringá, Pinga, Pinguinha, Olavinho e Fabinho Madueño. Surgia também nesta época o primeiro surfista ubatubense, que foi o Ageu, seguido de vários outros.
A partir do primeiro campeonato brasileiro aqui realizado em 72 pela iniciante Associação de Surf de Ubatuba, o surf foi definitivamente implantado em nossa cidade. O que vem depois disso muitos já sabem, como o Zecão, Rafael da Costa Norte, Acqua Surfboards e outros, sendo que o auge foi o campeonato internacional Sundek, no final da década de 80, época em que despontava como fotógrafo profissional o local Alberto Sodré, nosso querido "Beto Cação" e sua BWE. Daí para frente, devido aos mandos e desmandos de administrações e diretorias de associações, o surf em Ubatuba desandou. A década de 90, apesar de não ter trazido nada de significativo para a cidade, produziu talentos que fizeram história, como o bicampeão brasileiro de Surf Profissional Ricardo Toledo, o mega-star Tadeu Pereira, o emergente Odirlei Coutinho e Edgard Bischof, entre outros.
Atualmente as praias mais procuradas para a prática do surf são: Félix, Itamambuca, Vermelha do Norte, Vermelhinha (praia Vermelha), Grande e Toninhas.
FONTE : http://www.ubaweb.com/
Luiz Felipe Azevedo - 1999
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