extinta, originária do povo tupinambá, que teve sua gramática estudada pelos jesuítas, e que deu origem a dois dialetos, hoje considerados línguas independentes: a língua geral paulista, e o nheengatu (língua geral amazônica). Esta última ainda é falada até hoje na Amazônia.
Vários nomes tupis que encontramos na geografia brasileira, nas denominações dos animais, plantas etc., são quase sempre descrições das coisas a que se referem e envolvem uma explicação inteira. Cada palavra é uma verdadeira frase, o que, aliás, é um dos grandes prazeres do estudo da língua. Decifrar o significado das palavras, recorrendo, inclusive, a uma visita ao local. Um bom exemplo disso é: Paranapiacaba = paraná + epiak + -(s)aba, "mar" + "ver" + "lugar onde" = "lugar de onde se vê o mar".
A língua tupi é aglutinante, não possui artigos (assim como o latim) e não flexiona em gênero nem em número.
Índice
1 A fonologia, o alfabeto e as várias "ortografias" do tupi
1.1 Vogais
1.2 Semi-vogais e consoantes
1.3 Metaplasmo: fenômeno comum
2 Brasil 500 anos: ressurge o interesse pela língua
3 A bibliografia da língua
4 Ver também
4.1 Línguas da família Tupi-Guarani próximas ao Tupi
4.2 Tupinólogos
4.3 O Tupi no cinema
4.4 Mitologia Tupi-Guarani
5 Ligações externas
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A fonologia, o alfabeto e as várias "ortografias" do tupi
Levantar informações confiáveis sobre a fonologia da língua tupi para uma possível reconstrução fonológica seria uma tarefa difícil ou até mesmo impraticável, não tivesse o tronco tupi, e mais especificamente a família tupi-guarani, da qual o tupi faz parte, uma ampla distribuição geográfica. Preponderante a uma reconstrução fonológica, já realizada, foi o fato de o nheengatu, língua que descende do tupi, também conhecido como tupi moderno, ser falado ainda hoje na Amazônia. Somando-se a este fato, já bastante favorável, não se pode deixar de citar a continuidade do guarani antigo, língua distinta mas muito próxima ao tupi, no guarani-mbyá, guarani-nhandéva, guarani-kaiowá e guarani paraguaio, e a existência de um método científico-investigativo para se formular uma hipótese fonológica como fatores também preponderantes. Sendo tão fortes os pontos favoráveis, tornou-se factível a reconstrução da fonologia tupi.
O tupi identifica um conjunto de trinta e um fonemas, dos quais doze são vogais, três semi-vogais e dezesseis consoantes. Característica notória de sua fonologia é, sem dúvida, o seu caráter gutural. Uma outra, os abundantes metaplasmos.
Vogais
a - i - u - ã -- - -- - --
Semi-vogais e consoantes
j (-) w -- - p m (mb) t r n (nd) k - - - s -
Metaplasmo: fenômeno comum
Brasil 500 anos: ressurge o interesse pela língua
O interesse pela língua tupi passa pelo sentimento de brasilidade e de identificação de nossa cultura primária.
A descoberta de civilizações e povos antigos no Brasil em períodos remotíssimos cerca de 9.000 A.C. faz com que haja um interesse cada vez maior por estas nossas origens.
Instituições e empresas governamentais têm apoiado o estudo e a disseminação de informações sobre esta história tão fascinante, como o Museu de Arqueologia do Xingó, no sertão baiano, onde se registra a presença de povos indígenas neste passado distante.
Segue trecho interessantíssimo extraído do site acima mencionado:
"Os primeiros homens que chegaram ao Nordeste brasileiro pertenciam a grupos mongolóides como, aliás, todos os habitantes das Américas anteriores à colonização européia. Dentro das naturais variedades, existe, portanto uma homogeneidade indiscutível nos diferentes grupos humanos brasileiros, o que identifica todos os índios sul-americanos como oriundos de uma mesma origem. Admite-se que os índios brasileiros chegados ao Nordeste são os descendentes de levas arcaicas que atravessaram o estreito de Bering, alguns milhares de anos antes. Mesmo que, periodicamente, levante-se a conjectura da existência de outras vias de acesso que poderiam ter dado lugar à chegada na América de grupos humanos em épocas pleistocênicas, nada pode ser provado até o momento."
Para alguns, sendo rica em sons culturais, o tupi e outras línguas nativas podem explicar por que o Português falado no Brasil se diferenciou bastante do lusitano. Essa, no entanto, é uma afirmação polêmica e, até certo ponto, duvidosa.
A bibliografia da língua
O tupi, embora já extinto e de conhecimento restrito ao meio acadêmico, é uma língua estudada e bem documentada. Sua bibliografia é vastíssima. Veja abaixo uma excelente bibliografia da língua tupi:
ANCHIETA, José de. Arte da gramática da língua mais usada na costa do Brasil. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1933.
ANCHIETA, José de. Poemas: Lírica portuguesa e tupi. Editora Martins Fontes. (ISBN 8533619561)
EDELWEISS, Frederico G. Tupis e Guaranis, Estudos de Etnonímia e Lingüística. Salvador: Museu do Estado da Bahia, 1947. 220 p.
EDELWEISS, Frederico G. O caráter da segunda conjugação tupí. Bahia: Livraria Progresso Editora, 1958. 157 p.
EDELWEISS, Frederico G. Estudos tupi e tupi-guaranis: confrontos e revisões. Rio de Janeiro: Livraria Brasiliana, 1969. 304 p.
GOMES, Nataniel dos Santos. Observações sobre o Tupinambá. Monografia final do Curso de Especialização em Línguas Indígenas Brasileiras. Rio de Janeiro: Museu Nacional / UFRJ, 1999.
LEMOS BARBOSA, A. Pequeno Vocabulário Tupi-Português. Rio de Janeiro: Livraria São José, 1951.
LEMOS BARBOSA, A. Juká, o paradigma da conjugação tupí: estudo etimológico-gramatical in Revista Filológica, ano II, n. 12, Rio de Janeiro, 1941.
LEMOS BARBOSA, A. Nova categoria gramatical tupi: a visibilidade e a invisibilidade nos demonstrativos in Verbum, tomo IV, fasc. 2, Rio de Janeiro, 1947.
LEMOS BARBOSA, A. Pequeno vocabulário Tupi-Português. Rio de Janeiro: Livraria São José, 1955. (3ª ed.: Livraria São José, Rio de Janeiro, 1967)
LEMOS BARBOSA, A. Curso de Tupi antigo. Rio de Janeiro: Livraria São José, 1957.
LEMOS BARBOSA, A. Pequeno vocabulário Português-Tupi. Rio de Janeiro: Livraria São José, 1970.
MICHAELE, Faris Antônio S. Tupi e Grego: Comparações Morfológicas em Geral. Ponta Grossa: UEPG, 1973. 126 p.
NAVARRO, Eduardo de Almeida. Método Moderno de Tupi Antigo: A língua do Brasil dos primeiros séculos. Petrópolis: Editora Vozes, 1998. (ISBN 8532619533)
RODRIGUES, Aryon Dall'Igna. Análise morfológica de um texto tupi. Separata da Revista "Logos", ano VII, N. 5. Curitiba: Tip. João Haupi, 1953.
RODRIGUES, Aryon Dall'Igna. Morfologia do Verbo Tupi. Separata de "Letras". Curitiba, 1953.
RODRIGUES, Aryon Dall'Igna. Descripción del tupinambá en el período colonial: el arte de José de Anchieta. Colóquio sobre a descrição das línguas ameríndias no período colonial. Ibero-amerikanisches Institut, Berlim.
SAMPAIO, Teodoro. O Tupi na Geografia Nacional. São Paulo: Editora Nacional, 1987. 360 p.
SILVEIRA BUENO, Francisco da. Vocabulário Tupi-Guarani Português. Efeta Editora, 1982. (ISBN 8586632031)
TIBIRIÇÁ, Luiz Caldas. Dicionário Tupi-Português. São Paulo: Editora Traço, 1984. (ISBN 8571190259)
Ver também
Línguas indígenas do Brasil
Proto-Tupi
Tronco tupi
Tupi-Guarani (família lingüística)
Línguas da família Tupi-Guarani próximas ao Tupi
Guarani
Língua Geral Paulista (também conhecido por Tupi Austral ou Língua Geral do Sul)
Nheengatu (também conhecido por Tupi Moderno, Língua Geral Amazônica ou Língua Geral do Norte)
Tupinólogos
Aryon Rodrigues
Antônio Lemos Barbosa
Eduardo de Almeida Navarro
Faris Antônio Michaele
Frederico Edelweiss
José de Anchieta
Luís Figueira
Plínio Ayrosa
Teodoro Sampaio
Tibiriçá
O Tupi no cinema
Hans Staden
Como Era Gostoso o Meu Francês
Mitologia Tupi-Guarani
Anhanga
Caipora
Curupira
Sumé
Mandioca
Guaraci
Jaci
Monã
Rudá
Tupã
Ligações externas
Como aprender tupi recursos recomendados para quem deseja aprender tupi (cursos, dicionários, leitura)
Curso de tupi antigo - Prof. Eduardo Navarro mini-curso em dez lições, com exercícios
Curso de tupi antigo - Prof. Joubert di Mauro Curso de tupi antigo: on-line e gratuito
Ethnologue report for language code: TPN página do Ethnologue.com (em inglês)
Línguas Indígenas Brasileiras, de Renato Nicolai - Projeto Indios.Info - www.indios.info
Nheengatu Tupi sítio dedicado à divulgação dos idiomas tupi antigo e tupi moderno
Página do Idioma Tupi Antigo informações sobre o idioma tupi
Síntese da Gramática Tupinambá artigo escrito por Nataniel dos Santos Gomes
Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_tupi"
Categorias: Línguas aglutinantes Línguas extintas Línguas tupis-guaranis
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