Tudo parecia resolvido na região da Caçandoca, zona Sul da cidade de Ubatuba em 2005. O ato, que contou, na época, com a participação pessoal do então Governador Estadual, Geraldo Alckmim, revertendo uma decisão na Justiça favorável a uma empresa loteadora, teoricamente, abriria caminhos para o reconhecimento oficial da comunidade quilombola da Caçandoca, em Ubatuba.
Com o apoio do Governo Estadual, a Gerência Regional de Patrimônio da União de São Paulo reconheceu através de Declaração, o direito a propriedade à Comunidade Quilombola da Caçandoca.
Entretanto, por uma desavença pessoal, cerca de 30 pessoas, todos da mesma família, foram descredenciados da Associação, que então teria ganhado a legitimidade Federal. Com isso, as residências pertencentes aos herdeiros de Antunes de Sá, ficaram sobre responsabilidade da entidade da qual não faziam parte.
Contudo, pela falta de orientação, a parte não reconhecida não procurou formas de oficializar a presença histórica na região. Então neste ano, um outro decreto da mesma gerente do GPRU-SP, Evangelina de Almeida Pinho, ordenou a desocupação e reintegração dos imóveis de quase todos os familiares herdeiros de Antunes de Sá.
Antunes foi o segundo fazendeiro a se instalar na região da Caçandoca, local que comprou em 1858, inclusive com a operação documentada no Cartório de Ubatuba.
A Família se estabeleceu e a fazenda acabou sendo dividida em 1879 com a morte da matriarca Feliciana Maria da Conceição. Os fazendeiros continuaram produzindo e expandindo suas famílias e também as relações com as escravas. Filhos brancos e negros foram reconhecidos.
Ocorre que, com a decadência do café e da agricultura de exportação, principalmente, pela criação do Porto de São Sebastião, muitos produtores acabaram falindo. Com a família Antunes de Sá não foi diferente, e no local restou basicamente apenas os descendentes de fazendeiros com escravos.
E é justamente essa parcela da comunidade que hoje não faz parte da Associação e só não teve que desocupar o quilombo da Caçandoca, por uma suspensão demolitória do Procurador Geral de Justiça João Gilberto, acatada pela Juiza Marisa de Vasconcelos. Agora essas 40 pessoas, que não necessariamente carregam o sobrenome Antunes de Sá, ainda lutam pelo reconhecimento e direito a propriedade.
O vereador petista Jairo dos Santos, assumiu a orientação da comunidade e levou um documento ao Ministério Público e ao Incra pedindo um novo trabalho histórico na Caçandoca, capaz de definir finalmente a legitimidade de todos os integrantes da comunidade quilombola.
Segundo o vereador Ubatubense, as autoridades receberam a documentação e se mostraram interessadas em resolver a situação dos moradores ainda não reconhecidos pela União.
(Fonte: Imprensa Livre)
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