terça-feira, 17 de janeiro de 2012

TUPÍNAMBÁS E SEUS COSTUMES....Como eram os rituais de canibalismo dos índios brasileiros?



Carne humana era bem mais que um petisco para os antropófagos brasileiros. O canibalismo, na cultura desses povos, envolvia cerimônias que evocavam o sobrenatural. "Eles acreditavam que o indivíduo ganha força pela assimilação de outros poderosos e perigosos, sejam guerreiros inimigos, sejam parentes mortos", afirma o historiador John Monteiro, da Unicamp.

Os inimigos mais poderosos que essas populações tinham eram os portugueses. Os lusos se tornaram o prato favorito da taba, o que salvou o aventureiro Hans Staden de arder no moquém. Por ser alemão, Staden foi poupado pelos Tupinambás que o capturaram em Ubatuba (litoral de São Paulo), em 1549. Prisioneiro dos índios, ele presenciou rituais antropofágicos. Seu relato - ilustrado pelo contemporâneo belga Théodore de Bry - é o mais detalhado já feito sobre os canibais brasileiros.



Não se sabe exatamente quantos grupos indígenas praticavam a antropofagia. O hábito durou até o século 17, quando a catequização acabou com ele nos territórios controlados pelos colonizadores. "Mas a lógica antropofágica permaneceu forte, inclusive na forma pela qual os índios assimilaram os rituais católicos, que incluem a ingestão do 'sangue' e do 'corpo de Cristo", diz John. Hoje, só os ianomâmis conservam o hábito de comer cinzas de cadáver, como forma de homenagear um amigo morto.

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Ê ÔÔ, VIDA DE GADO
Como os Tupinambás preparavam os prisioneiros para o banquete em que seriam o prato principal (Segundo relato de Hans Staden).


A ENGORDA

No ritual tupinambá, a vítima nunca era morta na mesma hora que chegava à aldeia. A preparação para sua degustação podia levar dias, até meses. Na chegada, o inimigo era levado para uma cabana só com mulheres e crianças. Elas o agrediam (1) e cantavam canções de vingança. Depois, penas cinzentas eram coladas ao seu corpo e suas sobrancelhas eram raspadas (2). Amarrado no centro da aldeia (3), ele tinha à sua volta uma roda com todos os índios, que cantavam e dançavam por horas. A partir daí, o prisioneiro era tratado como rei. Davam-lhe uma mulher para servi-lo. Se ela tivesse um filho dessa relação, os índios o criariam até a idade adulta - para então dar-lhe o mesmo destino do pai. A tribo convidava amigos de outras aldeias para participar do banquete. O ritual em si começava quando as vasilhas estavam cheias de urna beberagem à base de raízes fortes e todos os convivas estavam presentes. O prisioneiro participava da farra da taba, que atravessava a noite com danças e bebida farta. Enquanto isso, em uma das cabanas, era pendurado o tacape que daria o golpe fatal no pobre coitado.

O ABATE



No dia seguinte, nada de curtir a ressaca na rede: os índios construíam uma cabana só para o inimigo morrer. Lá, ele passaria a noite bem vigiado. De madrugada, os algozes entravam na cabana para cantar e dançar em volta do prisioneiro até o nascer do Sol. Então, eles derrubavam a cabana e faziam uma fogueira a dois passos dele. Todos se pintavam com uma tinta cinza. O cacique pegava o tacape (1) e golpeava o prisioneiro na nuca. As mulheres levavam o morto para o fogo, raspavam-lhe toda a pele (2) e tapavam-lhe o ânus com um pau (3), para que nada escapasse por ali.

O TALHO



Depois da raspagem, um dos homens da tribo fazia as vezes de açougueiro: cortava as pernas do defunto acima dos joelhos (1) e os braços rente ao tronco. Chegavam, então, quatro que mulheres que pegavam um pedaço cada e corriam com eles em volta das cabanas, cantando e gritando – era o ponto alto da festa, quando toda a tribo estava em êxtase. Então chegava a hora de assar a carne e reparti-la entre os convidados. Os miúdos, assim como a cabeça, eram dados às mulheres, que preparavam com eles uma sopa (2), servida só a elas e às crianças.


FONTE :


http://forum.outerspace.terra.com.br/showthread.php?t=101565



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