quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A VERDADE SOBRE O RITUAL DE ANTROPOFAGIA DOS NOSSOS ANTEPASSADOS...


                                             Na foto de arquivo deste Blog, os Tupinambás se preparam
                                             a Celebração de Antropofagia.. 



PARA QUEM QUISER LER A FUNDO ESTE CAPITULO EXTRAÍDO DO LIVRO " UABTUBA , ESPAÇO, MEMÓRIA E CULTURA ", fica aqui um AVISO, se você TEM ESTOMAGO FORTE vá em frente , pois neste Capitulo você irá acompanhar passa a passo  todo o RITUAL DE ANTROPOFAGIA, que trata de uma DAS  Celebrações mais doidas realizadas pelos Tupinambás, povo indigena que habitou a Região de Ubatuba e demais Litoral Paulista e Carioca, onde após os combates, os Tupinambás matavam e devoravam seus prisioneiros, no chamato ato de canibalismo, e não era para matar a fome deles não, mas tinha esse ato , a intenção e objetivo de absorver a coragem do ininigo..Bom leia com atenção toda a matéria..... CLIQUE SOBRE O TITULO PARA  VER TODA A MATÉRIA NA INTEGRA...




A Antropofagia foi um dos principais ritos Tupinambá. Durante os combates, estas tribos procuravam capturar seus prisioneiros. Com este propósito carregavam cordas que enrolavam em torno de seus próprios corpos. A estratégia de combate a certa distância era justamente para desarmar o inimigo e aprisioná-lo vivo. A captura do inimigo era uma façanha individual e por esta razão, o cativo pertencia a quem tivesse conseguido tal proeza em primeiro lugar, mas com o calor da contenda resultava difícil determinar quem era o verdadeiro executor, ou seja, a quem pertencia esta honra. Travavam-se entre os próprios Tupinambá ferozes brigas. Nestes casos, matava-se o prisioneiro o mais rápido possível e repartiam-se as carnes entre todos os componentes da expedição. O chefe de cada tribo alegava os direitos de seus vencedores com intuito de conduzir para sua tribo o prisioneiro vivo a fim de que as mulheres pudessem celebrar o fato de acordo com os costumes ancestrais.

Antes de deixar o campo de batalha, despedaçava-se o cadáver e as partes eram assadas. Quando um prisioneiro era levado à aldeia, aquele a quem cabia as honras se antecipava para anunciar a boa nova. Os amigos do herói atiravam-se sobre o cativo e despojavam no de seus ornamentos e armas, o guerreiro recebia um novo nome e as mulheres mais velhas da aldeia jogavam-lhe cinzas nas costas para recompensá-lo no seu prejuízo. Estas mulheres passavam a noite acordadas gritando pela chegada dos vencedores.

As expedições vitoriosas faziam sua entrada triunfal na aldeia e os prisioneiros eram conduzidos até a paliçada em torno das ocas. O dono do prisioneiro raspava as sobrancelhas e os cabelos da parte superior da testa do mesmo. Os cativos eram ungidos com resina ou mel e lhe eram colocadas as mais belas penas usadas em rituais Tupinambá. Daí o prisioneiro devidamente enfeitado devia gritar para as mulheres da aldeia: “Eu, a vossa comida cheguei.”

Após a chegada dos vencidos no espaço da tribo, construíam-se choças de palmeiras nas quais os prisioneiros eram alojados. Os vencedores bebiam 3 ou 4 dias seguidos: farra, jogos e gritos eram sinais eloqüentes do banquete antropofágico que os esperava. Logo de entrada, o prisioneiro era conduzido à tumba dos antepassados para renová-la e imolar a memória ancestral.

A volta triunfal dos expedicionários à tribo era celebrada, principalmente pelas mulheres que batiam a boca com a mão, enquanto saltavam e gritavam simultaneamente. O bom trato concedido ao cativo de guerra implicava no reconhecimento daquele que tinham capturado.

O prisioneiro era depilado e tonsurado como um Tupinambá, como membro da tribo, o único distintivo era um colar no pescoço que prendia pela nuca. André Thevet atribui a este colar o símbolo da escravatura, cujo significado está ligado aos nós que representavam as luas que os Tupinambá pretendiam conservá-lo antes de ser sacrificado, um espécie de calendário de frutas, ou de ossos de peixes ou de outros animais. Cronistas franceses negam o embaraço pelo qual os prisioneiros dos Tupinambá passavam no cativeiro. Antes afirmavam que estes eram livres para andar a vontade sem nenhuma vigilância. Em caso de fuga, o cativo era tido como um tolo, sem coragem. Reprovava-se a falta de coragem para enfrentar a morte entre os Tupinambá.

O sentimento que animava os membros da tribo, em relação aos prisioneiros indicava a preocupação de que estes últimos tivessem deixado de fazer parte de seu grupo natural para integrar-se a essa nova comunidade, daí também a mudança de nome. O prisioneiro era obrigado a passear na aldeia a fim de exibir-se, para todo mundo ver. Era, como já dizemos, cobertos de plumas, peculiares às grandes cerimônias tribais, inclusive cobertos com um maravilhoso manto da íbis rubra , muito admirado pela arte moderna. Neste passeio final, jogavam-lhe penas de papagaio. Tal ato era definitivo da morte: o constrangimento, humilhação, fruto da exibição pública servia para os espectadores da tribo assinalar quais partes do corpo desejavam comer. A festa da bebida era organizada pelo dono do escravo que convidava para o festim, os presentes e amigos.

O cativeiro do prisioneiro dependia do carbé, conselho principal da tribo que fixava a data da execução. Mensageiros eram enviados a todas as aldeias vizinhas convidando para participar da festa. Uma vez anunciado o rito do sacrifício, todo mundo se envolvia nos preparativos da cerimônia. Os homens preparavam as cordas chamadas de musarana, cordas feitas de embira, destinada a prender o cativo, cuja fabricação era confiada ao cacique. Tal objeto de culto religioso não era torcido e sim entrançado, este procedimento implicava um esforço considerável de produção. Cabia também aos homens preparar a clava com a qual a vítima era golpeada. De cabeça mais ou menos arredondada, quase elipsóide do tamanho de um punho com sete ou oito palmos de cumprimento, possuía nas proximidades da cabeça, a largura de quatro polegadas, daí se estreitava até a parte inferior onde era ornada com um mosaico de palha. O punho era ornamentado com a aterabébé, nome que os indígenas davam a várias espécies de plumagens entrelaçadas e tecidas, cordéis e pompons ornavam o cabo dessas macanã, ao qual eram atadas nas vésperas da execução.

No período que antecedia o ritual antropofágico Tupinambá, as mulheres durante a preparação do cauim conduziam duas ou três vezes seguidas o prisioneiro ao pátio da aldeia para dançar em torno dele. No dia pré-fixado chegavam os convidados sendo recebidos pelo chefe da tribo que lhes dava as boas vindas: “Vistes ajudar-nos a devorar o inimigo”. Os recém chegados bebiam e a partir de então, iniciava-se a cerimônia.

No primeiro dia, a corda com a qual o prisioneiro seria amarrado era trazida ao pátio da aldeia no meio dos estrondosos alaridos. Tal corda era untada com uma substância parecida com a cal e deixava-se secar suspensa em uma estaca fincada em terra. Um índio previamente instruído fazia dois nós nesta corda, após tal execução, os assistentes batiam palmas e emitiam gritos de alegria. A musarana era posta em um vaso e levada para a cabana do dono do prisioneiro.

No segundo dia todos os habitantes da aldeia saiam ao campo para recolher bambus da altura de uma lança. Na noite estes eram plantados no meio do pátio com as extremidades apoiados umas nas outras, formando assim uma espécie de cabana cônica, a qual se ateava fogo. Dançava-se em torno da fogueira carregando maços de flechas nos ombros.

No terceiro dia a população reunia-se no pátio e dançava ao som de instrumentos. O ritmo era marcado pelas batidas dos pés e das mãos e não era entoada nenhuma canção.

No quarto dia, ao amanhecer o prisioneiro era conduzido às margens do rio, onde se banhava. De acordo com os autores como Thevet a derradeira limpeza era feita na aldeia e consistia na depilação do cativo, por volta das cinco da tarde as índias reconduziam a vítima à choça provisória, erguida na praça central. Eram transladados para essa choça o tacape do sacrifício e os dois potes de plumas, os fios de algodão e a resina destinada à decoração. Tudo em presença do prisioneiro , inclusive a arma da execução. O tacape passava por uma espécie de consagração, Coberto por uma camada de mel, pulverizado por pedacinhos de conchas e fragmentos de ovos verdes de mucucara, aos quais os indígenas atribuíam um poder mágico contendo inclusive o pó sagrado produzido com a casca do ovo, esse revestimento dava a arma do sacrifício um poder especial.

Ao por do sol os índios reunidos na aldeia apressavam-se a celebrar o acontecimento com um grande cauim. Durante a noite, a vítima era atada a laço e mantida imobilizada, sendo velada pelas mulheres que a seguravam pelas extremidades. Convidados e anfitriões ficavam o resto da noite bebendo, gritando e cantando. Lembravam seus guerreiros e as grandes ações por eles realizadas. Métraux assinala que vários autores afirmam que prisioneiros faziam parte destas festividades, pois era uma honra morrer entre danças e bebidas, vingando-se antes de ser morto daqueles que o iam devorar.

No quarto dia, tinha lugar o sacrifício. No amanhecer as mulheres iam até a choça onde estava o tacape e acordavam o prisioneiro, conduzindo-o à praça de execução, situada no centro da aldeia, junto às ocas. Chegados ao sítio os indígenas retiravam as cordas das estacas onde tinha ficado, estendendo-as no solo e amarrando-as em torno da cintura da vítima.

Todo este tempo, o executor permanecia fechado na cabana, paramentado com esplendor. Na cabeça levava um sombreiro de plumas, na frente o diadema rubro “cor da guerra”. Ao peito, colares de conchas. De plumas eram também feitos os braceletes que cobriam os braços e da altura dos rins pendiam penas de avestruz. Nas costas levava um manto de penas íbis vermelhas. O rosto era pintado de rubro e o corpo embranquecido de cinza. Parentes e amigos vinham procurá-lo escoltando-o cantavam, rufavam os tambores e tocavam flautas e trombetas. O prisioneiro era proclamado a viva voz de bem aventurado, pois vingava neste ato, a morte dos antepassados e dos seus irmãos parentes. Todo o trajeto do cortejo era besuntado com uma substância esbranquiçada.

O carrasco avançava dançando pelo pátio e movimentando seus olhos de forma assustadora, com as mãos imitava o falcão no ato de se jogar sobre a presa. Ao parar em frente de sua vítima recebia o tacape das mãos do guerreiro designado para este fim. O carrasco dirigia-se ao prisioneiro nos seguintes termos: “não pertences a nação, nossa inimiga? Não mataste e devoraste, tu mesmo, os nossos parentes e amigos? Agora estás em nosso poder; serás logo morto por mim e moqueado e devorado por todos.” Após esta troca, o executor brandia o tacape e procurava acertar o golpe na nuca da vítima, antes do golpe final, o vencedor passava duas vezes por dia diante do prisioneiro. Mal este era massacrado e as velhas mulheres precipitavam-se para recolher o sangue e os miolos sendo o primeiro bebido ainda quente.

A mulher cedida ao prisioneiro vertia algumas lágrimas, choro puramente ritual, pois logo a seguir era a primeira a saborear a carne do extinto esposo. O cadáver era assado, escaldado a ponto de permitir a raspagem do couro. Introduziam-lhe um tampão no ânus para impedir a excreção. Eram cortados, em primeiro lugar, os membros superiores do corpo, depois faziam uma incisão no estômago e convidavam as crianças a devorar os intestinos. Retalhava-se o tronco a partir do dorso. Nada era perdido: os homens cozinhavam as entranhas, e as mulheres mais velhas, a quem cabiam os cuidados culinários comiam até a gordura que escorria pelos varais do moquém, ao ponto de lamber o rosto, a boca e as mãos com as banhas do morto. Língua, miolos e certas partes do corpo estavam reservados para os jovens, para os adultos ficava a pele do crânio e para as mulheres os órgãos sexuais. Partes consideradas nobres como as pontas dos dedos das mãos, assim como parte do fígado e do coração eram dadas aos hospedes de honra. As crianças da tribo eram obrigadas a tocar no cadáver e untar as mãos no sangue vertente, encorajando-as com as seguintes palavras: “Estás vingado. Vinga-te também, meu filho. Eis aqui um dos que te deixou órfão de pai”. Untavam de sangue o corpo, braços e coxas Para que os bebês tomassem parte do festim, as mulheres molhavam de sangue os bicos do seio pensando em tornar seus filhos valentes.

Os ossos do morto eram motivos de preservação religiosa, sendo os do crânios confinados em estacas a frente da oca do vencedor. Os dentes serviam para fabricação de colares e as tíbias para fabricação de flautim e apitos.

O ritual antropofágico tupinambá despertou: interesse e curiosidade de franceses e portugueses que chegaram as terras brasileiras. O questionamento sobre as origens e finalidade de tais ritos só encontrava eco no desejo de vingança pela morte dos ancestrais. O sangue era o único motivo de grandes expedições, consideradas incompletas se o inimigo não fosse devorado. O canibalismo era uma prática destinada a aumentar a força vital daqueles que o praticavam, em última instância um processo capaz de permitir a aquisição de determinadas virtudes. A antropofagia era um costume característico dos Tupi-Guarani e de todas as tribos desta primeira família lingüística, a propósito da qual somos tão mal informados. A idéia de pormenorizar mitos e ritos Tupinambá seguindo as pistas de Alfred Métraux que se aproximam das teorias de Florestan Fernandes, a respeito das práticas antropofágicas Tupinambá são em síntese: ritos de aprisionamento, sacrifício do prisioneiro e re-nomeação do matador e postulam:
1) Intimidar os inimigos pela auto - afirmação do próprio poderio;

2) Por em ação o sistema tribal de compromissos recíprocos de assistência mutua;

3) Intensificar os laços de solidariedade que uniam entre si vários grupos locais. Cabe salientar aqui a nossa hipótese sustentada na teogonia e cosmovisão relatada logo no início deste item.


    1. O papel dos antepassados civilizadores é fundamental no imaginário coletivo Tupinambá, uma vez que estes se sentiram herdeiros diretos do espaço a eles confiado e transmitido de geração em geração. No seu animismo elementar os Tupinambá eram sensíveis ao ritmo da floresta e do mar povoados de espíritos e lendas.

    1. A morte representava para a nação Tupinambá um dado real do tempo e um desafio a ser enfrentado com a arrogância inquebrantável que o rito merecia.

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